ZenSati estreia-se em Portugal com a promessa de neutralidade absoluta na transmissão do sinal
A ZenSati, marca dinamarquesa de cabos para áudio de alta fidelidade, chegou oficialmente ao mercado português pelas mãos da Exaudio. E fá-lo com uma proposta radical: alcançar a neutralidade absoluta na transmissão do sinal, um ideal técnico que se confunde com uma utopia sonora.
Fundada por Mark Johansen, figura bem conhecida nos bastidores da alta-fidelidade escandinava, a ZenSati não pretende apenas ligar componentes. Pretende dissolver-se entre eles. A marca parte de um princípio pouco consensual mas intelectualmente desafiante: o de que o silêncio é o fio invisível da música. Para isso, aposta em condutores de pureza extrema, isolamento dielétrico de nova geração e geometrias milimetricamente simétricas, numa obsessão quase monástica pela transparência e pela ausência de artefactos.
No universo audiófilo, onde cada cabo se ouve e discute como se de uma sinfonia se tratasse, a ideia de “neutralidade” está longe de ser pacífica. É mito ou métrica? Ilusão ou ideal? A ZenSati posiciona-se sem hesitações: acredita que um cabo não deve soar. E é precisamente nessa ausência que está, paradoxalmente, a sua assinatura.
A gama abre com o modelo de entrada Razzmatazz, nome curioso, quase provocador, para uma proposta que se quer invisível. Seguem-se os modelos Zorro e sILENzIO, este último com uma construção que remete para um rigor laboratorial. No topo da pirâmide está a série #X, concebida para sistemas de demonstração crítica e ambientes de escuta controlada, onde cada alteração na cadeia é audível e mensurável.
O anúncio da entrada da ZenSati em Portugal surge num momento particularmente fértil para o mercado nacional, onde a exigência técnica e a sofisticação conceptual começam a ganhar terreno face ao mero entusiasmo consumista. Mais do que um novo nome no catálogo, a ZenSati traz consigo uma postura filosófica que desafia a comunidade a escutar mais fundo, ou talvez, a escutar o silêncio.
Nota editorial: tive recentemente a oportunidade de escutar um sistema equipado integralmente com cabos ZenSati, durante a demonstração das colunas TAD ME1 TX. A experiência foi, no mínimo, desconcertante. Mais do que a ausência de coloração, o que se destacou foi a presença do ausente: uma transparência que não chamava a atenção para si, mas que permitia à música emergir com uma naturalidade quase orgânica. O relato completo desta apresentação, bem como a entrevista ao presidente da TAD Labs, Shinji Tarutani, será publicado nos próximos dias aqui em Moustachestoys e poderá, acredito, contribuir para uma discussão mais serena e fundamentada sobre o verdadeiro papel do silêncio num sistema de elevado desempenho.
Porque às vezes, o que nos liga ao som… é precisamente o que não se ouve.