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Audio Group Denmark no Porto, as primeiras Ultimate Sessions da temporada

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Audio Group Denmark no Porto, as primeiras Ultimate Sessions da temporada

Ultimate Audio tem-se distinguido no panorama da Alta-Fidelidade nacional pela regularidade dos seus eventos, praticamente mensais, e por não se limitar à capital. A temporada 2025/26 abriu no Porto, com duas salas inteiramente dedicadas ao universo do Audio Group Denmark.

Este fabricante dinamarquês reúne quatro marcas — Ansuz, Aavik, Børresen e Axxess — cujos designers trazem créditos firmados de casas como a Raidho ou a Gryphon. Estes equipamentos não são novidade absoluta para mim: Arrisco dizer que, desde o seu nascimento, MoustachesToys terá sido o único projeto português a acompanhar o grupo de forma continuada.

Logo no arranque passaram pelas minhas mãos os mecanismos de controlo de ressonância Ansuz Darkz C2T, que originaram uma das minhas primeiras reviews: “Transformar Água em Vinho”. Desde então, os meus cabos de coluna de referência continuam a ser os Ansuz Speakz X2. Por aqui também já passaram interconnects, cabos e condicionadores da marca, e cobri em exclusivo a estreia nacional da Børresen e da Axxess, com as colunas X3 e o Forté 1, no Montebelo Viseu Congress Hotel, bem como a review a este integrado all-in-one.

Ultimate Sessions Audio Group Denmark, sala Aavik + Børresen + Ansuz

Em antevisão para este evento, já tinha ouvido o mesmo conjunto desta apresentação, mas com uma diferença: no lugar do modelo de base Forté 1, estava o Forté 3. Confesso que, antes de o ouvir, a curiosidade era proporcional ao ceticismo: como poderia o Forté 3 justificar custar o dobro do 1? Mas opiniões sem vivência direta valem o que valem. O Forté 3 não é apenas um Forté 1 com Tesla Coils e blindagem em cobre: mantém a clareza e transparência do primeiro, mas acrescenta uma dimensão cálida e orgânica que substitui a frieza anterior. Mas já lá vamos.

Aavik — a Estreia

A verdadeira novidade neste evento, pelo menos para mim, foi a Aavik. Na semana anterior ao evento, já tinha tido um “cheirinho”, que partilhei nas redes: o integrado all-in-one Aavik U-288 e o Power P-288, ambos com 300 W por canal, a alimentar em biamplificação as Børresen C3. Este primeiro contacto ainda não incluía os ajustes finais, nem a cablagem, condicionamento de corrente e switch da Ansuz.

Na sala principal, o sistema estava agora completo, e pronto para o impacto.

Primeiras impressões

Visualmente, o sistema inspira confiança absoluta. A qualidade percecionada de construção corresponde ao valor pedido: acabamentos irrepreensíveis, materiais nobres e soluções tecnológicas nada triviais. As colunas, com design afilado e múltiplos mini-pórticos traseiros, assentam sobre bases pensadas para receber os “pezinhos” de controlo de ressonâncias do grupo. A eletrónica revela cuidados extremos, inclusive contra os efeitos da histerese. Em suma: Fórmula 1 do áudio.

A que soou o sistema C3 + U-288 + P-288?

Logo à entrada da sala, a primeira impressão: o impacto das cordas do baixo e a naturalidade das percussões. Rapidez e ataque sonoro, transientes perfeitos. Os silêncios entre notas criam uma paisagem sonora com tridimensionalidade que nos aspira para dentro da música.

O palco e a física do espaço: 

Foi precisamente o que ouvi em Ta confiance de Kham Meslien, e Melos (Variazione Nove) de Paolo Fresu, onde também se destacou o sax de tom orgânico. Em Rocket Man de Elton JohnWhat A Wonderful World de Etta Cameron e Queen Mary de Francine Thirteen, o palco abriu com uma largura e altura apenas limitados pelos limites físicos da sala. Foco espantoso. Velocidade. Escala. Poder. Pinpoint accuracy. Todos os milímetros cúbicos da sala principal da Ultimate Audio do Porto energizados com música. Os pratos de Etta brilharam na quantidade (e qualidade) certa, com transientes no ponto.

Groove e classe D: 

Rock With You de Michael Jackson confirmou tudo isto. Lá está, o Groove! Mesmo sendo desenhado a uns e zeros. Percussão deliciosa. Toda a banda chegou em camadas de diferentes profundidades. Jackson parecia ter três bandas, uma para os agudos, outra para os médios, e ainda outra para os graves, tudo sob a mesma batuta. Um som nada digital, uma verdadeira chapada de luva branca aos que snobam a classe D (sim, eu incluído).

Lost Without You de Freya Ridings evidenciou o ataque e o decay do piano, e quando entram os graves, a escala e o corpo estremecem, mas com a contenção escandinava de sempre.

A escala que surpreende: 

Bright Horses de Nick Cave, que já terei ouvido dezenas de vezes, abriu com uma dimensão inédita. Uma autêntica autópsia emocional às feridas de Cave.

Organicidade e naturalidade: 

E por falar em orgânico e natural, em My Romance de Gene AmmonsEscrito no Destino de Helder MoutinhoSpain Intro de Michel Camilo & Tomatito e Talking Wind de Marilyn Mazur, o sax, o piano, o contrabaixo, a guitarra e as percussões demonstraram que é possível ter rigor técnico sem cheiro a sala de cirurgia. As percussões impressionaram pela sua absoluta naturalidade, com irrepreensível velocidade e dinâmica.

Até as ressonâncias das próprias salas de gravação se mostraram autênticas. Quando há simbiose entre equipamentos, há simbiose na música.

Histórias dentro da música: 

Volver, Volver de Buika. Voltamos ao orgânico, com a voz apasionada e o trompete da guineense. e pensar que alguém do meu passado usou este CD como base de copos… Já cantava Rui Veloso: “Não se ama alguém que não ouve a mesma canção”.

Em Happens to the Heart, Leonard Cohen soa picante como sriracha, com textura e densidade. A tridimensionalidade é tal que parecia haver colunas invisíveis pela sala.

The Swingers Get the Blues, Too de Duke Ellington trouxe um trombone delicioso na presença, com as colunas a desaparecerem completamente da sala. Em Marais maison de Bertrand Renaudin & Olivier Cahours, as cordas estalam, os pratos cintilam, vibrantes e frescos.

Candle In the Wind, sim Elton John outra vez,confirma: este sistema não é para audiófilos. É para quem ama música! Embora irrepreensível ao nível técnico.

A Sala Axxess Forté 3 + Børresen X3

O lado acessível do grupo, e uma regra de ouro quebrada: nunca descer de um patamar olímpico para um degrau abaixo. O risco é o desapontamento. Mas Avalanche de Prince ajudou-me a quebrar essa regra.

Ultimate Sessions Audio Group Denmark, sala Børresen + Axxess + Ansuz

Forté 3 é uma lição: prova que detalhes importam e que os dinamarqueses não escolhem preços à merceeiro. Conheço bem o Forté 1, ouvi-o na sua apresentação aos Lusos em Viseu com precisamente estas colunas e depois testei-o em casa. Mas este Forté 3 é outra liga. Mais orgânico. Mais quente. Mesmo recorte, com as arestas ligeiramente amaciadas. Mesmo desenho, mas a alma é diferente.

A que soou o sistema Axxess Forté 3/Børresen X3?

Harlem Nocturne de Illinois Jacquet, O saxofone chega com corpo e peso, aquele timbre aveludado que quase nos faz sentir o sopro quente do músico. Presente, envolvente, mas sem aquela dureza que alguns sistemas classe D insistem em dar aos metais. Calor, sem perder definição.

Georgia On My Mind de Oscar Peterson, O piano respira. Há alma entre as notas. A diferença entre “ouvir teclas” e “ouvir música”. Há espaço entre as notas, há intenção, há alma. Como se a mão direita cantasse enquanto a esquerda desse corpo e fundação.

Acoustic de Billy Raffoul, A voz crua, áspera nos sítios certos, macia noutros. Guitarra com ressonância de madeira viva, cordas que vibram de forma palpável. Intimismo absoluto, que nos puxa para dentro da canção, como se estivéssemos na sala de estar do músico.

Wicked Game de Daisy Gray, Voz próxima, quase sussurrada ao ouvido, com toda a textura e respiração preservadas e emoção plena. De arrepiar. O palco recua ligeiramente em relação ao sistema Aavik/Børresen, mas a emoção não perde um milímetro. Há aqui uma calidez no som que sinto como um abraço sonoro.

Flamenco Sketches de Miles Davis, O trompete de Davis flutua etéreo, com aquele ar melancólico que só ele conseguia. O contrabaixo dá corpo e fundação, as escovas criam textura subtil. O som surge mais recuado. Aqui o mote é mais intimista. Quente. Acolhedor. Como um abraço daquele amigo que não víamos há alguns anos.

Talvez lhe escape aquele último grau de transparência do sistema presente na sala ao lado. Talvez lhe falte aquele último grau de expansão e escala monumental. Mas o grau de satisfação? Aquele que realmente nos faz mexer o diapasão interno? Irrepreensível. Se tivesse de escolher, tremeria.

A surpresa

Axxess Forté 3 + Ansuz A3

Não esperava tamanha diferença entre o Forté 1 e o Forté 3. É mais que um upgrade: é uma evolução emocional.

Dois caminhos, um destino

A Ultimate Audio continua a fazer algo raro em Portugal: trazer sistemas de topo para serem ouvidos sem filtros, sem pressa, sem a pressão de comprar. Estas Sessions são um laboratório emocional onde podemos perceber que o melhor sistema não existe, existem interpretações diferentes da música.

O conjunto Aavik/Børresen C3 é a transparência levada ao limite. Escala monumental, tridimensionalidade que desafia as leis da física, transientes que cortam o ar. O Forté 3 com as X3 é o abraço quente, a conversa intimista junto à lareira, a música que nos envolve em vez de nos impressionar. Um expande o espaço; o outro aproxima a alma.

Ambos emocionam. Ambos justificam cada cêntimo pedido. E sim, se tivesse de escolher? Tremeria. Porque a escolha não é entre melhor ou pior, é entre “que emoção queremos viver hoje?”. E isso, meus amigos, é o verdadeiro luxo da Alta-Fidelidade.

Está oficialmente aberta a temporada

O próximo encontro é já este sábado, 25 de outubro, e depois, a 8 de novembro, respetivamente no Porto e em Lisboa, com as Ultimate Sessions Aniversário.

Encontre aqui a review MoustachesToys ao Amplificador com streamer e DAC integrados Axxess Forté 1

E já agora visite a apresentação da Børresen e Axxess em Viseu

1 comentário em “Audio Group Denmark no Porto, as primeiras Ultimate Sessions da temporada”

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