Colunas Magico M2,
Amplificação, prévio e etapa de potência Constellation Audio,
Fontes digitais dCS.
Imacústica, auditório principal no Porto. Cicerone, Miguel Azevedo.
“Andas a ver muitos filmes” disse a Srª. Bigodes.
Vamos fazer um exercício, eu acompanho deste lado… porque não acompanhar a leitura desta narrativa com uma banda sonora, que como nos filmes, nos coloca no modo de cada cena? Eu vou dando o mote com o link para cada música em cada cena.
Então vamos lá começar: “Papua New Guinea” de Future Sound of London. Cá vão os links no Tidal e no Apple Music:
Ribombam os tambores da 20th Century Fox, vai começar o filme.
Recentemente terei acordado num universo alternativo, saído de um romance de John le Carré.
Passo a explicar. Primeiro senti-o com os meus vizinhos. Sou aquele tipo de pessoa que cumprimenta os vizinhos e pouco ou nada mais, o que é retribuído naturalmente na mesma moeda. Mas ultimamente os olhares fixavam-se e continham um esgar que mais tarde vim a perceber ser de reprovação.
Esta sensação, este ambiente, alastrou-se ao exterior do prédio onde vivo. Algumas caras até aí desconhecidas que fixavam os olhos em mim, e quando eu reparava e retribuía o olhar, disfarçavam e olhavam para outro lado. Estas caras, foram passando a ser conhecidas, pela repetição em outros espaços e ocasiões aleatórios. Quais agentes trapalhões do KGB, disfarçavam sempre que reparava que me fitavam.
Será que tenho as contas em dia? Será que paguei todos os impostos? Será que sou parecido com alguém conhecido? Já tudo me passava pela cabeça, numa tentativa de perceber o que se estava a passar.
Até a polícia me mandava parar frequentemente. “Bom dia Sr. Condutor, documentos por favor. Pode-se saber para onde se dirige?” E após resposta, “Pode seguir, boa viagem”. Isto repetiu-se a um ritmo quase diário, até que um dia, na última vez que me mandaram parar eu descobri a razão.
Curioso? Calma!
Amigo leitor, chegou a altura de mudar a banda sonora, vamos lá colocar “Afro Left” de Leftfield. Aqui recomendo que puxem pelo volume das vossas colunas se puderem. Se não, façam-no com os vossos auriculares. Os links:
Eis a razão. Com a banda sonora correta. Neste Mundo distópico baseado numa mistura de romance de espionagem de le Carré, e do Big Brother de George Orwell.
O vosso escriba favorito no Hi-fi (não o mais humilde) tem tentado aproximar em casa, a experiência vivida recentemente, em audição, às Sonus Faber Aida II que teve oportunidade de ouvir recentemente na Imacústica. Claro que a tarefa se tem revelado impossível com o melhor sistema de que disponho em casa. A tentativa, impossível, tem passado por aproximar ao máximo, o volume que é possível, sem distorcer. Infortúnio!
Descobri-o nessa última vez que a polícia me mandou parar. “Bom dia Sr. Condutor, documentos por favor. Pode-se saber para onde se dirige?” E após a resposta: “Vou à Imacústica ouvir as Magico M2”, fui imediatamente detido e enviado para Guantánamo, para uma dieta de Despacito.
Nesta longa metragem ficcional, o mundo tinha-se reunido numa conspiração internacional para me impedir de me voltar a dirigir à Imacústica. Talvez a dieta de High-end pudesse resolver a ressaca de música berrada em alto volume, vinda do meu apartamento. “Para cada música de Adele, ele ouve 3 discos de Tom Waits, qual é o cristão que resiste?”
Sou um privilegiado por ter a oportunidade de ouvir sistemas com a qualidade e capacidade, que a maioria não sonha sequer existir. O reverso da medalha é sentir-me como o miúdo do lado de fora da montra da loja dos gelados. Foi-me dado o conhecimento de que existe o éden, foi-me dado a cheirar, mas terei de ficar do lado de fora da montra.
Agora a sério.
Há dias fui convidado pela Imacústica para ouvir as colunas mais pequenas, mais simples e logo mais baratas da série “M” topo de gama da Magico, as M2. Nesta gama e deste fabricante, mais pequenas, mais simples e mais baratas tem de ser visto com algum cuidado, pois têm mais tecnologia, qualidade de construção e de materiais, que a maioria dos topos de gama de qualquer outra marca, exceto algumas, raríssimas, exceções.
Quanto à amplificação, tivemos pré-amplificador e etapa de potência da Constellation Audio. Mostraram-se perfeitamente capazes já com as imensamente maiores, e em sessão de maior exigência, a que foram sujeitas, Sonus Faber Aida II. Também aqui tivemos fonte digital da dCS.
Em relação aos pormenores que alguns adoram, remeto para a página da Imacústica https://www.imacustica.pt/pt/catalogo/stereo/colunas/colunas-de-chao/m2/, e da Magico https://www.magicoaudio.com/m-series-m2, que não irei maçar com a receita. Prefiro passar para a parte da degustação.
Agora tenta o seguinte exercício. Imagina o que te estou a descrever. Imediatamente salta à vista, ou melhor, aos ouvidos, a palpabilidade de cada instrumento, ou até do publico em gravação ao vivo usado como se fosse um instrumento, como parte da performance, como o Miguel Azevedo demonstrou ao ouvirmos “Somebody to Love” ao vivo no Coliseu dos Recreios, de Jacob Collier.
A melhor forma de descrever esta experiência, é estar à noite parado, amarrado estático na linha de comboio. Ao longe, vemos a luz da locomotiva, a aproximar-se, a aproximar-se, cada vez mais perto, mais perto, estás amarrado, não podes mover-te e fugir. O público vai passar por ti, sem te bater, como se te desmaterializasses. Não levas a pancada, mas da sensação da expetativa ninguém te livra, experiência permitida e disponibilizada pelas M2. Agora ouve a música e imagina o que te descrevi, saído das tuas colunas e do teu sistema. Não é este o tipo de experiências que procuras?
Agora faz o seguinte exercício. Imagina que pegas numa lapiseira, e desenhas cada som, com os seus limites perfeitamente definidos no espaço à tua volta, a três dimensões. Agora pegas no lápis de carvão e pinta as texturas, como se fosses o Gustave Courbet. É de realismo que se trata. E quanto ao palco sonoro, um dos pontos fortes destas Magico, estamos falados.
São colunas com uma pequena pegada, 116cm de altura de alumínio e fibra de carbono, mas que envergonham outras do dobro ou triplo da volumetria.
Os graves:
Este é sem dúvida, para mim, o ponto forte destas colunas, a capacidade, precisão, rapidez, agilidade e textura dos graves é realmente impressionante. Parte destas características poderia ser explicada pela acústica do auditório principal da Imacústica no Porto, onde em todas as audições saí bem impressionado pelos baixos, mas as M2 voaram mais alto, principalmente na precisão e agilidade dos baixos. E arriscaria proclamá-las as melhores que já ouvi neste aspeto. Atenção apreciadores de PRaT (Pace Rhythm and Timing), estas poderão ser as colunas que procuram.
Os médios:
Seria fácil transpor algumas das qualidades dos graves destas Magico para os médios, e é o que estou a fazer, porque é verdade! Ponto. Precisão e textura para dar e vender. Timbre rico mas honesto, com muito pouca coloração. Se os médios destas colunas fossem servidos empratados, seriam bife de novilho açoreano, não dos que importamos cá no continente, mas dos que precisamos de apanhar um avião para comer. Grelhado, temperado apenas com flor de sal, a valer-se apenas da qualidade da carne.
Os agudos:
Eu tenho um problema com os agudos. Sou muito sensível aos agudos baixos (isto existe? Fiz-me entender? Frequências mais baixas dos agudos?). Sinto literalmente a chave de fendas nos ouvidos a escarafunchar o cérebro quando puxam pelo volume. Curiosamente não sou muito sensível aos agudos muito altos. As M2 foram das poucas que não me causaram este tipo de fadiga. Os agudos brilharam sem ofuscar. A capacidade destas colunas com os agudos poderá explicar parte da sua capacidade de tornar o palco sonoro extenso e profundo, ajudando na sua definição.
As M2 são iminentemente um exercício de precisão técnica do que de melhor e mais avançado se faz atualmente. Como outras também. Embora algumas o que conseguem é um som preciso e cirúrgico como um bisturi, mas estéril como uma sala de operações.
A Magico, nas M2 conseguiu, com tecnologia e materiais state-of-the-art esta precisão, mas também conseguiu o mais difícil, proporcionar experiências auditivas intensas, envolventes e satisfatórias como poucas outras conseguem, neste nível. Se as M2 são a base da gama, nem imagino como soarão as M3, M6 ou as M9!
A minha ressaca de High-end irá continuar. Os meus vizinhos continuarão a ser brindados com bom som. O KGB continuará a espiar-me. Irei ser condenado a uma pena eterna de Despacitos e quejandos, nos altifalantes de Guantánamo.