Foram apresentadas, estes dias 1 e 2 de junho, por Peter Mackay, VP Global Sales and Marketing da Magico, as colunas S3, na sua primeira apresentação em Portugal, após a mostra de Munique, a maior mundial, da última novidade do fabricante californiano, nas instalações de Lisboa da Imacústica. A complementar a apresentação, no seu português que nada deve a um nativo, esteve também presente Ricardo Franassovici, da Absolute Sounds.
Apresentação em Portugal das Magico S3 (2023)
Peter Mackay fez a apresentação do prodígio tecnológico que estas colunas representam, que puxaram para o nível do comum dos mortais muitas das tecnologias presentes nas estratosféricas M9, que custarão algo à volta de três quartos de milhão de dólares, conforme os desejos da cada felizardo cliente (quem tem dinheiro consola-se) As características anunciadas dias 1 e 2 de junho estão aqui em MoustachesToys, publicadas logo no início do ano.
Estas colunas atingem um nível tecnológico superlativo graças a um esforço do mesmo nível em pesquisa e desenvolvimento da parte do fabricante. Quando assim é, o natural e compreensível é que estas apresentações estejam repletas de jargão técnico e audiófilo da parte de quem as criou, no sentido de conseguirmos acompanhar o porquê de elas conseguirem tocar como tocam. Quando isto acontece, nada como a presença de Ricardo Franassovici que, além de fazer a apresentação em português, e da sua visão de conseguir trazer esta apresentação para o que consumidor realmente quer ouvir: saber na prática o que trazem estes avanços tecnológicos na hora que interessa, que é quando pressionamos play, ou baixamos a agulha no disco. Acho que mais apresentações deveriam funcionar neste binómio.
Normalmente acompanho o relato com o guião de algumas das músicas reproduzidas no evento aquando da minha presença. Assim quem não pode ter o mesmo privilégio de estar presente, poderá ter um cheirinho do que os que estiveram sentiram e ouviram por lá. Espero estar à altura da responsabilidade.
A cada filme, a sua banda sonora. Já alguém imaginou um filme mudo de Tarantino, não pois não?
Cá vai.
Elvis Presley – Fever
O ataque, ultra-rápido e dinâmico! Nunca ouvi semelhante reprodução de graves. Ou melhor: ouvi. Nas M2 da mesma marca. Pode-se ler aqui o artigo sobre as irmãs das S3. O chassis fechado em alumínio é de tal forma inerte, que permite uma aproximação à experiência de ouvir o instrumento ao vivo sem amplificação, que chega a arrepiar os cabelos da nuca.
O palco sonoro é imenso, focado e tridimensional, alguns sons esfregam-se na cara, enquanto que outros parecem estar no fundo da sala, com os instrumentos por todo o lado mas organizados, sendo perfeitamente distinguível a sua localização. Ouvi linearidade do espetro musical. Nenhum som parece ter sido artificialmente ampliado no sentido de se seguir alguma tendência de ampliar os graves, os agudos, ou ambos. Não estive presente aquando da gravação, mas a sensação com que se fica é que a reverberância é igual à da sala de gravação.
Dança Macabra Opus 40 de Camille Saint-Saën e
Canon em Ré Maior de Johann Pachelbel
Como é que as S3 conseguiram enfiar toda a orquestra naquela sala? Sentimos perfeitamente as nuances da interpretação dos solistas. A filigrana dos solistas. Capta toda a pujança e acutilancia da orquestra. Senti a posição de cada naipe. A dinâmica, bem a dinâmica, parecia que se poderia pedir sempre mais, e mais, até ao infinito, que as S3 iriam entregar sempre.
Eva Cassidy – Ain’t no Sunshine
Eva canta e encanta como um passarinho, um passarinho na alvorada.
Marcus Miller – Cousin John
Voltamos aos baixos, à sua pujança e dinâmica. Sempre mais e mais.
E depois para relaxar:
Otis Redding – (Sittin’ on) The Dock of the Bay.
Lembram-se do Vitinho? De quando ele embalava as crianças a escorregar por fofas mantas infinitas até cair gentilmente na cama? É isso.
As Magico S3 prometiam, e cumpriram. A expectativa, tantas vezes perigosa por ser alta, desta feita era justa e não saiu gorada. Temos aqui umas colunas capazes de transportar o intérprete, banda, orquestra, ou seja lá o que for que esteja no nosso registo favorito para a nossa sala de audição, dedicada ou de estar. Linearidade, fidelidade à gravação, pujança, e graves cheios de fibra, saídos do ginásio, como poucas. Mas também as nuances e delicadas filigranas de cada interpretação.
Alguns dos stakeholders do nosso mercado têm feito um esforço para manter viva a nossa chama. A chama de quem gosta de ouvir música como merece, e como ela merece ser ouvida. Criando as condições para que a movida se mantenha viva. Com um esforço substancial não só de tempo e energia, mas também financeiro. Dou os meus parabéns à Imacústica por mais um evento ao mais alto nível.
O sistema presente no auditório principal da Imacústica em Lisboa
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