Evento Imacústica 26 Novembro 2022
Quando os astros se alinham
No passado mês de junho de 2022, foi possível observar da Terra um raro alinhamento de cinco planetas no céu: Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno. Este fenómeno astronómico foi visto pela última vez há 18 anos.
No passado sábado, no auditório principal da Imacústica, no Porto, alinharam-se um par de colunas Wilson Audio Alexia V, amplificação Robert Koda (monoblocos e pré K160 e K15EX), com estreia mundial 8 dias antes na filial alfacinha da mesma casa, e leitor de bobines Metaxas Tourbillion.
Esta combinação de raros elementos passam a figurar no meu Olimpo do som.
Muitos vão-me acusar – “mais um a dar graxa?” (Já me zurraram por muito menos nas redes sociais). Pois eu respondo, ou melhor desafio: tu que acusas os escribas do audio de exagerar nos adjetivos a estes sistemas esotéricos, aparece nos eventos! Dá uma oportunidade aos teus ouvidos de provarem o que de melhor há no mundo do audio gourmet. Isto do audio é um pouco como a melhor cozinha nacional, faz-se da escolha criteriosa dos melhores ingredientes, e dose certa de tempero (ou coloração como gostamos de chamar no audio), e quem sabe, poderás atingir o Nirvana do audio.
Tenho-vos a dizer que no passado sábado, eu e algumas dezenas de afortunados, juro-vos, tivemos o Camané e a Carminho lá connosco no auditório principal da Imacústica no Porto, ou pelo menos os seus hologramas sonoros. A sala tratada acusticamente fez o seu papel, e deixou as Alexia V brilharem, e mostrarem-nos até a reverberância dos estúdios onde os fadistas gravaram. Quem já esteve numa sessão de fados sabe que nunca chegará ao mesmo nível de realismo e emotividade através de um registo gravado. Aqui chegamos perigosamente perto!
TU! Sim tu, sortudo!, que tens a carteira com a capacidade de levar contigo os equipamentos ouvidos nesta sessão! Vais poder ter a Ana Moura lá na tua man cave, só para ti, sempre que queiras!
E vão ser poucos os sortudos. Não me refiro só ao valor que um sistema deste calibre pode arrancar-nos da conta bancária, mas também ao facto que Robert Koch, o mentor da Robert Koda, é quem supervisiona pessoalmente a montagem de cada um da meia dúzia de amplificadores que saem da sua oficina anualmente.
Neste nível de esoterismo, teremos sempre uma certa dose de romantismo, e a história deste artesão Sul-Africano, que trabalhava no Japão com o mítico Sr. Kondo (Audio Note), e depois de conhecer e se apaixonar por uma local, ter-se-à mudado para uma remota ilha do arquipélago, com a sua gueixa, para montar de forma artesanal meia dúzia de amplificadores por ano.
Voltando a assentar os pés na Terra. O Ricardo, Polónia e não o Franassovici, apresentou-nos o sistema, começando pelas colunas Wilson Audio Alexia V. “V” do material em que são construídas, e não “V” de numeração romana, pois sucedem às II. Então “V” é o nome do material onde, segundo a Wilson Specialities, a vibração terá sido reduzida a uma frequência única, mais fácil de ser “afinada”.
Tratadas colunas e amplificação, sobram o leitor de bobines (lindo de morrer) Metaxas Tourbillion. Deixo as imagens falar por mim… Servidor Innuos e corrente tratada pela PS Audio.
O meu relato acerca desta experiência sonora apenas refletirá o sistema completo. E vou ser sucinto como prometi no início do projeto MoustachesToys: tivemos uma experiência onde ouvimos todos os pormenores e nuances e com precisão microscópica, a posição e o respirar dos músicos, mas sem o perigo de tornar o som estéril como uma sala de cirurgias, bem pelo contrário. O audiófilo que procura o pormenor e precisão, não sairá desiludido. Mas o Bigodes, como outros da mesma tribo, sentiram as emoções à flor da pele, seja com Fado, seja com Rock. O som, perfeitamente organizado, mesmo em gravações mais complexas.
A “verdade”
Miguel Azevedo, chamou à experiência seguinte de “verdade”, que quando ouvi da sua boca interpretei de uma forma, e depois quando ouvi a cópia em bobine do Master de “Wish you were here”, reproduzida pela máquina criada por Kostas Metaxas, amplificada por Robert Koda e tocada pelas Wilson, percebi as suas palavras de forma completamente diferente. Sou profundo conhecedor desta obra dos Pink Floyd, que ouço deste o início da minha adolescência, e por isso não vos vou atirar areia para os olhos e dizer que ouvi pormenores que nunca tinha ouvido. Não. SENTI a obra como nunca a tinha sentido. O vinil normalmente tem este efeito de “verdade sentida e não ouvida” quando comparado com o digital. Desta feita, foi a vez do vinil me saber a pouco, defrontando as bobines.
Quando os astros se alinham, coisas boas e más acontecem. Temos a oportunidade de ouvir a um nível a que a maioria só nos é permitido sonhar. Mas e a distância de podermos lá chegar? O que seria de nós sem os nossos sonhos?