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Aventuras do Bigodes no High-end, Lisboa Hi-fi’23

Se por um lado a pandemia trouxe o arrebitar do mercado nacional (e internacional) da alta-fidelidade, trouxe também a interrupção (definitiva?) do Audioshow. Como se não bastasse, os audiófilos nacionais ficaram órfãos também da única publicação presente nas bancas dedicada a estas matérias (a revista Audio passou a estar disponível apenas online). 

Em apenas um espaço curtíssimo de tempo, ficamos órfãos do único orgão palpável dedicado a comunicar nestas matérias, como também da única mostra de alta-fidelidade que resistia por estas bandas.

Lisboa Hi-fi’23, e um novo Audioshow?

Sala Ajasom Riviera

A média de idades dos audiófilos nacionais não aparenta se estar a renovar. Se me permitem o atrevimento de achar que os seguidores da página de Facebook do Bigodes possam representar uma amostra dos interessados em Alta-fidelidade: 36,3% dos seguidores da página MoustachesToys são Homens entre os 45 e os 54 anos e 22,1% entre os 55 e os 64. Um quarto dos seguidores tem até 44 anos (Homens e Mulheres). Ou seja, uma larga maioria dos seus seguidores atravessa a meia idade. Acerca destes números, e de outros, voltarei ao assunto em breve.

Resumindo e concluindo, urge fazer-se algo para alcançar sangue novo, ou pelo menos manter a chama acesa.

Alguns dos principais distribuidores nacionais parecem ter percebido que algo tem de ser feito e têm cumprido o seu papel, organizando eventos, maiores ou mais pequenos, com alguma regularidade ou mais espaçados.

É o caso do evento que a Ajasom organiza anualmente. Este ano em Lisboa, e com a companhia da JLM, Kami Katsu e OnOff.

Lisboa Hi-fi’23

Sala Ajasom Esoteric

6 salas de audição e o corredor entre elas, a Ajasom ocupou 3 salas e partilhou o corredor (totalmente dedicado ao áudio pessoal) com a JLM, que ficou com uma sala, como a Kami Katsu e a OnOff.

No corredor, no espaço da JLM, destaque para a Hifiman e Meze nos auscultadores, e a mesma Hifiman, Chord Electronics e Fiio na eletrónica. No espaço da Ajasom, destaque para a Meze e Campfire nos auscultadores, e na eletrónica Ferrum, Hifi Rose, McIntosh, SOtM e Wattson.

O audiófilo finalmente começa a perceber que para espremer o melhor do seu sistema, terá de prestar a devida atenção ao posicionamento das colunas, ao tratamento acústico, ao tratamento da corrente elétrica, aos acessórios, à cablagem, e a onde mora a eletrónica. A Ajasom, atenta às tendências, deu destaque aos racks da Finite Elemente, que esteve presente nas três salas, nos quatro sistemas. 

O distribuidor teve o cuidado de ter representação nesta mostra, desde o audio pessoal dos auscultadores mais acessíveis da Campfire (obrigatório espreitar a review do Bigodes aos Campfire audio HoneyDew), até ao high-end de nível estratosférico do gira-discos Kronos Discovery.

Sala Ajasom Kii

O Hi-fi de múltiplos elementos, com o emaranhado de cabos, começa a ter alternativa para quem preferir a via da simplificação. A Ajasom presenteou-nos com o sistema de colunas ativas controladas por DSP Kii Three, aqui acompanhadas por um streamer Pulsar da portuguesa Innuos. Na mesma sala, o outro sistema presente era encabeçado pelas vistosas Vivid audio K90, electrónica Esoteric gama 05 e Ayre Acoustics, gira-discos de rolamento hidráulico/braço Bergmann, e cablagem Shunyata Omega, referência da marca e novidade absoluta em Portugal.

PMC Fact 12/2001 A space Odyssey Monolith

Lembram-se de 2001, Odisseia no Espaço? E do monólito de granito negro? A sala seguinte tinha um par deles, de fabrico PMC. Era ao que se assemelhavam o par de colunas de chão Fact 12 negras, dirigidas pela electrónica classe D da Mola Mola Makua e Kaluga, mais o leitor de discos prateados Grandioso da Esoteric e cablagem Kimber Select. Aterrando nesta sala, eramos imediatamente visados pelo filtro de corrente a baterias da Stromtank, com o seu imponente “olho” verde – lembram-se do Senhor dos anéis?

Sala Ajasom Riviera

A viagem para o High-end mais esotérico só parou na sala pilotada pelo gira-discos de quatro andares Discovery da Kronos, braço RS da mesma linha, cabeça MC Murasakino Sumile, prévio Nagra Classic Phono e Step-up SW1X. Aqui acompanhada pela eletrónica pré e monoblocos classe A da Riviera, streamer Wattson e DAC SW1X no digital. A cantar, as FS1 da Blumenhofer. Cablagem: Furutech.

Sala Kami Katsu

No outro lado do espetro, e do corredor, a sala da Kami Katsu. Do outro lado do espetro, pois aqui apostou-se na diferença, como é a assinatura da casa. Em exposição, o Naim Nait 1, e o seu sucessor espiritual, o Nait 50. Dos dois lados da sala cantaram, alternadamente, colunas PMC, monitoras DB1 Gold ou torres Twenty5 26i, sempre alimentadas por eletrónica Exposure, série 5000 com as torres. Normalmente com música fora da caixa e ambiente informal e descontraído.

Sala JLM

Logo a seguir, a sala da JLM. No primeiro sistema, as colunas A6 Evo II da Gold Note. As fontes foram o deck Thorens, ou o streamer (com opção de upgrade amplificação) Select DSM Edition Hub Organik DAC da Linn. Na mesma rack o pré amplificador da Audolici e integrado com streaming da Gold Note, bem como o irmão mais novo do Klimax, o Selekt DSM Classic Hub. A JLM estreou em Portugal as colunas de chão Stellar da Davis Acoustics, com amplificação com dois monoblocos em ponte e streamer Atoll Electronique. Os zeros e os uns ficaram a cargo do Chord M-Scaler e Chord Dave. O Vinil tocou no gira-discos Gold Note Valore Plus, conduzido por um prévio PH-10 da marca italiana.

Sala OnOff

Atravessando de novo o corredor, na sala da OnOff, que teve como primeiro sistema da sala a combinação entre eletrónica Moon by Simaudio, pré com power supply externo 850P, Streamer/DAC 780D v2 e amplificador de potência stereo 860A v2, a alimentar colunas Vandersteen 2C Signature III; e no segundo, as novas colunas Vintage Classic XII da Fyne Audio, alimentadas pelo power a válvulas McIntosh MC2152, prévio C22 MkV e leitor CD/SACD MCD600. As cablagens usadas em ambos os sistemas foram da Supra e Kimber Kable.

Sala Ajasom Vivid audio

Durante estes dois dias tivemos de tudo um pouco para todos os gostos e todas as carteiras. Todos sabemos que salas de hotel não tratadas acusticamente não são o melhor ecossistema para audições críticas. Grandes superfícies envidraçadas, paredes em madeira polida, o entrar e sair das salas, e o ruído de fundo e das salas contíguas. Mas são as condições possíveis neste tipo de eventos. E embora não me tenha conseguido decidir acerca do sistema que tenha gostado mais de ouvir tocar, pois sempre que decidia por um, logo a seguir outro o derrotava. Mas gostaria de destacar os seguintes pontos:

 

    • O público que compareceu em grande número

    • Ambiente informal

    • “Romeu e Julieta”, pelas Blumenhofer e Riviera. Tão cedo não me sai da cabeça. Tal como não saiu o casamento Thöress/Blumenhofer do evento no Yeatman no ano passado.

    • Os monólitos Fact 12 da PMC. Volumetria tão pequena. Som tão grande.

    • Souk paquistanês com a ajuda das PMC Twenty5 26i e Exposure série 5000

    • Roger Waters e o sistema Moon na sala da OnOff. Mobiliário clássico que canta (Fyne audio Vintage Classic XII)

    • A estreia das Davis Stellar em Portugal

    • O casamento Linn com Gold Note

Eu, como outros, gostaríamos de uma espécie de audioshow reeditado, com a grande maioria dos distribuidores nacionais. Se me acredito que volte a acontecer num futuro próximo? A minha resposta sincera: não. Para já vamo-nos contentando com ótimas iniciativas como esta. Venham outras.