Ultimate Sessions Extreme – Hotel Sheraton Porto; 17 a 19 de Fevereiro de 2023, o rescaldo.
A Ultimate Audio Elite reuniu cinco sistemas superlativos no Hotel Sheraton da Muy Nobre Leal e Invicta cidade do Porto.
Apesar da dimensão do nosso mercado, a verdade é que se conseguem reunir as condições para as coordenadas de vários showcases de Alta-fidelidade se situarem no Porto ou em Lisboa, muito graças aos esforços de algumas das casas do High-end portuguesas. Uma das que se tem distinguido neste esforço tem sido a Ultimate Audio Elite.
Fica aqui o relato da minha experiência neste show.
Começo pela sala Burmester, que não era a única com equipamentos deste construtor, mas nesta o sistema presente era constituído por colunas Burmester, amplificação Burmester e fonte Burmester. Simples não? Restando os acessórios da Siltech. Este sistema era um dos que eu tinha maior curiosidade em ouvir.
O que os olhos viram: o design é realmente impressionante, tanto pelo panache, como pelos materiais. O senhor que desenhou estas peças suspeito poderá ter-se inspirado na arquitetura de Nuremberga da década de 1930, ou se calhar no que o cinema de Leni Riefenstahl nos deixou para a posteridade, que as bombas aliadas não terão deixado muito para os que viveram poderem ver, pelo menos a cores.
A sua sonoridade: para baptismo da marca, foi como um baptismo feito por uma esponja de som a ser esfregado gentilmente na minha cara. Mas quando lhe chamo de gentil, não me interpretem mal, pois não faltava ataque, firmeza e autoridade no som. Aliás, utilizaria mesmo estes termos para melhor descrever como me soou este sistema. Terry Ellis, no video do qual deixo o link no fim, chamou-lhe som moderno, eu chamar-lhe-ia “in your face type of sound”, que é o tipo de som que tem o potencial imediato para conquistar adeptos neste tipo de eventos.
Este sistema foi também capaz de dissecar com pinças peças complexas, interprete por intérprete da secção de cordas, como se de solistas se tratassem, do Allegreto da Sinfonia Nº 7 em lá maior (Opus 92) Movimento II de Beethoven, conhecido por muitos por ter sido utilizado na banda sonora de filmes como “O discurso do Rei” ou “Irreversível”. Este sistema não desiludiu, interpretando esta peça exatamente como ela merece, puxando pelos meus orgãos internos no processo. Embora não tenha sido o sistema presente no evento que mais me impressionou neste aspeto, a verdade é que o som teve uma profundidade evidente, e encheu a sala na sua largura e altura.
Sala VAC Diptyque Antipodes Aqua Esprit
Bem, se a intenção for impressionar os amigos com a compra de um sistema hifi highend, então o caminho bem que poderia passar por aqui. Não me refiro apenas à imponência das colunas Magnetoestáticas da Diptyque, que são impressionantes peças de design. O som também não desilude, bem pelo contrário. Textura, poderoso, natural, linear e fiel à fonte.
Muitos poderão perguntar face à tecnologia utilizada: então e os baixos? Uau! Ok, as Diptyque poderão não escavar os graves mais baixos num filme apocalíptico com tremores de terra ou comboios a descarrilar a fazerem tremer a sala, mas em textura, poder e fidelidade, os graves destas colunas merecem um aplauso. E apesar de não ser na realidade possível falar da individualidade de qualquer destes componentes com rigor, a minha preferência nas colunas presentes neste evento foi para estas Diptyque. A gama média na linha dos graves, com naturalidade e textura, capazes de trazer a carga anímica que procuramos na reprodução musical.
Sala Avantgarde Wadax DS Audio Technics Kondo
Estão preparados para o poder do Trio G3 da Avantgarde? Os menos avisados, por se tratar de um sistema alimentado por um pequeno amplificador a válvulas 211, poderiam esperar “pouco” dos seus 27 Watts, numa sala daquela magnitude. Mas nestes eventos normalmente aparecem os mais avisados, e a sala pareceu-me a mais visitada, não pela sua cubicagem permitir, mas pelo som ali apresentado, ser de facto impressionante. Estes japoneses sabem o que andam a fazer.
Uma das faixas mais indicadas para demostrar as capacidades deste sistema seria “You and Your Friend” dos Dire Straits. E Miguel Carvalho sabe-lo, e ao servi-la aos presentes, permitiu-nos deslizar no espaço preenchido com a slide guitar de Mark Knopfler. O espaço e o som típico das colunas de corneta foram aposta ganha pela Ultimate neste sistema. Quem quiser realmente algo verdadeiramente especial, tiver uma sala com cubicagem capaz para “tanto” som, e uma carteira capaz, então esta pode ser “a” solução.
Sala Audiovector Accuphase Brinkmann Innuos CrystalCable
Esta sala poderia ser a sala de referência de qualquer loja ou show audiófilo, mas aqui poderia parecer a mais modesta. Convido-vos a ler sobre a amplificação Accuphase presente, em artigo anterior desta série de aventuras audiófilas no highend. As estrelas foram as fontes. A linha Statement da Innuos e o deck da Brinkmann, com célula óptica da DS Audio. O vinil em forma de discos de cobre lidos por célula de leitura ótica. Muito interessante, com som a condizer.
Este sistema, pelas suas características intimistas, tem mais dificuldades em impressionar em eventos desta natureza.
O gosto, como a clubite, é algo que não se discute nem explica. E o sistema que mais me impressionou, arrisco dizer devido principalmente à amplificação, foi o da
Sala Kroma Gryphon MSB Taiko
Estreia mundial das colunas espanholas Kroma Mercedes nesta sala, alimentadas por monoblocos Gryphon Apex classe A com, wait for it, 225W!
Estes vikings percebem de música. Uau, uau, uau!!! O poder, o controlo, a pujança, mas ao mesmo tempo a contenção e delicadeza deste conjunto. Habituamo-nos a classificar o som high-end com adjectivos e categorias, mas aqui tivemos música como ela deve ser ouvida!
A reportagem vídeo de Terry Ellis/Pursuit Perfect System deste evento pode ser vista aqui:
Obrigado Ultimate por ajudar a desviar um pouco mais o epicentro do High-end para perto de nós.