Estreia europeia das TAD-ME1TX teve direito a entrevista exclusiva a Shinji Tarutani, Presidente da TAD Labs… e, já agora, as minhas primeiras impressões de audição destas colunas; e com a novidade em Portugal: cabos ZenSati.

Todas as regras do bom senso desaconselham servir as entradas, o prato principal e a sobremesa ao mesmo tempo, certo? Pois bem, desta vez, este vosso escriba vai servir-vos os três de uma só vez. Quem quiser, consome tudo. Quem preferir, escolhe o que lhe apetecer.
A estreia europeia das novas TAD-ME1TX aconteceu em solo português, e não podia ter sido em melhor cenário: o HiFi Show 2025, no Estoril. Para marcar a ocasião, tivemos a honra de receber Shinji Tarutani, presidente da TAD Labs, que falou em exclusivo com a equipa MoustachesToys.
Vê aqui a entrevista exclusiva com Shinji Tarutani, presidente da TAD Labs.
Se na feira o ambiente era eletrizante, com pessoas a circular e colunas a rugir por todo o lado, foi na Exaudio, há poucos dias, que as ME1TX se revelaram em toda a sua magnitude. A sessão, mais dedicada e íntima, foi o palco perfeito para uma escuta verdadeiramente envolvente. Técnica? Sem dúvida. Mas, acima de tudo, emoção. Já sabem como eu sou…
Quando a engenharia encontra a emoção

Não é todos os dias que se ouve um sistema capaz de ser cirurgicamente puro sem perder a alma. Mas foi exatamente isso que senti ao ouvir as TAD-ME1TX na Exaudio.
O sistema:

- Colunas TAD ME1 TX
A eletrónica? Também TAD:
- Pré-amplificador C1000
- amplificador stereo M1000
- Leitor SACD / DAC D1000TX
Ao comando do ecossistema digital, a Innuos.
Tivemos também, da AVID:
- o gira-discos Acutus Dark Iron com o
- braço Nexus e
- Pre-phono Pulsare II com a
- celula Harmony da Shelter a guiar a musica na parte analógica
Corrente controlada pela
- Plixir
E a novidade!, na cablagem:
- ZenSati
As vozes… ah, as vozes provocaram-me arrepios. Tanto em “Sei de um Rio” e “Fado Português”, com Camané e Sara Correia a representar o fado, como em “Don’t Explain” pela incomparável Nina Simone. A sacerdotisa da alma exorcizou-me os demónios internos, e isso viu-se, literalmente, nos pelos dos meus braços.
O violino de Salvatore Accardo inundou a sala com as notas delicadas de Paganini em “Rondo à la Clochette”. E quando entrou a London Philharmonic Orchestra, o palco sonoro abriu-se como a cortina de uma boca de cena, largo, profundo, tridimensional. Cada instrumento no seu lugar, não só na largura, mas também na profundidade. Com a escala que uma orquestra filarmónica deve ter. De toque.

E por falar no violino de Accardo, os agudos? Extensos, luminosos, sem agressividade. Há uma doçura no tweeter que não se ouve todos os dias. É como se cada nota tivesse sido polida à mão por um artesão japonês.
Na gama média, o timbre é belíssimo. Textura, corpo, presença. Trompetes e saxofones soaram com uma naturalidade que não se ensina: ou se tem, ou não se tem.
E os graves? Surpreendentes para o tamanho destas colunas: secos, precisos, com definição, e escavados bem lá no fundo! Ressalva para “24 Hours” de Tom Jones, onde as baixas frequências dominaram a sala. Sempre controladas, claro, mas talvez demasiado presentes para o meu gosto pessoal, sacrificando, no caso desta faixa, o restante espectro.
Quando entrou o conjunto Acutus Dark Iron + Shelter Harmony + Pulsare II, foi a vez de “Vesti la Giubba”, tomar conta da sala com toda a sua carga dramática. A pele arrepiou. O peito torceu-se por dentro com as dores de Canio, o palhaço da ópera de Leoncavallo. Escala. Impacto. Intensidade. De cortar a respiração. E desta vez, tenho testemunhas: os habituais dos eventos de sábado na Exaudio.
Tecnologia TAD: precisão sem artifício

As ME1TX não escondem o seu pedigree. São colunas construídas com a obsessão japonesa pelo detalhe e pela precisão.
O tweeter de berílio (com 2,5 cm), construído por deposição de vapor, estende-se até aos 60 kHz. Sim, leste bem. Está montado no centro do driver de médios, de 9 cm, formando uma fonte concêntrica que assegura coerência e alinhamento de fase entre médios e agudos.
Nos médios/graves, o woofer de 16 cm com diafragma híbrido de camadas de tecido de aramida e materiais não tecidos, evita colorações indesejadas e dá corpo ao som.
A caixa? Engenharia pura. Estrutura em contraplacado de bétula com painéis de MDF, reforçada com placas de aço de 5 mm nas laterais. Resultado? Ressonância mínima, rigidez máxima.
E claro, o famoso pórtico bidirecional, com aberturas frontal e traseira em fenda, que reduz turbulências e ruídos indesejados, permitindo aos graves respirar.
Mas chega de engenharia!
Mais do que engenharia japonesa
Na entrevista que nos concedeu, Shinji Tarutani foi claro: o objetivo da TAD não é apenas técnico. É emocional. A busca pela pureza sonora não é um fim em si, mas sim um meio de tocar as pessoas através da música.
E é isso que as ME1TX fazem. Não se limitam a ser transparentes, detalhadas, controladas ou dinâmicas. Elas transmitem. Elas passam a verdade da música.
Portugal teve o privilégio de acolher a estreia europeia de um produto que representa tudo o que a TAD defende: rigor sem rigidez, emoção sem artifício.
Se restarem dúvidas, o antídoto é simples: ir ouvir “Vesti la Giubba” em vinil, na Exaudio.
Há tecnologia que nos impressiona. E há tecnologia que nos toca.
Este sistema, com as máquinas da TAD e da AVID, ligado por cabos ZenSati, foi as duas coisas.
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