O Viking com modos de Lorde inglês, Axxess Forté 1, amplificador integrado tudo-em-um

Desde que os descobri, os produtos da Audio Grupo Denmark têm-me causado uma impressão positiva. De imediato lembro-me dos dispositivos de controle de ressonância da Ansuz, aquilo que eu chamo de pézinhos, e o impacto que causaram nas minhas modestas monitoras de €450. E, claro o empurrãozinho que a polémica de escrever e publicar uma análise com opinião descomprometida, sincera e fundamentada na world wide web fez aos números deste website. Infelizmente, tudo aquilo de que tenho tomado contacto ou conhecimento deste fabricante é normalmente comercializado por valores proibidos para a minha carteira. Feliz de quem pode.

Por essa razão o anúncio da nova marca do universo Audio Group Denmark, a Axxess, que conforme o nome indica pretende funcionar como rampa de acesso aos produtos do grupo dinamarquês, criou-me altas expectativas. Quando o Rui Pedroso da Autumn Leaf Audio, a empresa que comercializa os produtos do fabricante dinamarquês em Portugal me abriu a porta a testar o amplificador integrado tudo-em-um Axxess Forté 1, com que já tinha tomado contacto no seu evento de apresentação (relato aqui) juntamente com as colunas Børresen X3, em Viseu, não escondo que fiquei entusiasmado.

Para fazer justiça à amplificação em causa, juntamente com o Forté 1, face à indisponibilidade das Børresen X3 à data, vieram as colunas Alacrity Audio Dundee 5, uma vez que na altura apenas tinha disponíveis as Triangle Borea 03, que se posicionam algumas ligas abaixo.

O Axxess Forté 1 é um amplificador classe D com potência de 100W a 8 Ohms. Ele vem equipado com streamer, um DAC com tecnologia proprietária de 1 bit e um amplificador de auscultadores integrado. Este amplificador oferece uma solução tudo-em-um para quem deseja ouvir música através de streaming ou fontes analógicas. Para uma configuração completa de streaming, basta conectar o Forté 1 à rede e adicionar um par de colunas. Caso também queira utilizar fontes analógicas como leitores de CD ou gira-discos, o amplificador possui um par de entradas analógicas RCA, tornando-o uma opção versátil que atende a diferentes necessidades de reprodução musical.

O chassis em material compósito com características de redução da histerese mecânica está a meio caminho entre um full-rack (43cm de largura) e um shoe-box, com 370 x 420 x 110 mm e cerca de 8kg. Tem um par de entradas analógicas RCA, e no campo digital, uma entrada USB-B, uma ótica e uma BNC (SPDIF). A rede liga-se por cabo ethernet ou dongle wi-fi vendido separadamente. Pode-se ligar um disco duro ou pen por USB-A (até 2Tb) e um amplificador de potência ou dois subwoofers com o par de saídas RCA. O Forté 1 tem dois irmãos gémeos, o Forté 2 e o 3. A única diferença entre eles é a quantidade de Tesla Coils e circuitos de redução de ruído usados em cada um. O Forté 3 também acrescenta a base do chassis em cobre. O valor pedido pelo Forté 1 é de €5000, €7500 pelo 2 e €10000 pelo 3.

As colunas usadas nesta análise foram as Alacrity Audio Dundee 5 (modelo descontinuado), com bicablagem (foram usados cabos Ansuz, do mesmo Audio Group Denmark), que demonstraram ser o veículo certo para demonstrar dois dos pontos fortes deste amplificador: O enorme e focado palco sonoro, e o timbre, que me pareceu do mais correto que já ouvi. Sim, estou a incluir muita coisa do que tenho ouvido por aí em eventos audiófilos High-end, com equipamentos a custar uma fortuna, e em salas tratadas acusticamente. Um àparte. Estas colunas foram medidas com 81dB pela Hifi World. Os 100W, e seja qual for a corrente com que este amplificador as alimentou, pois normalmente é algo que os construtores não publicitam, foram mais que suficientes para agarrar estas colunas nada fáceis pelo colarinho!

Comecei por utilizar mais frequentemente a entrada de linha analógica do Forté 1, pois queria deixar a chicha e o mel mais para o fim. Porquê? Porque pela amostra da apresentação em Viseu, este é um DAC dos diabos. Um DAC dos diabos com um som tocado por cornetas tocadas por anjos!Mesmo usando a entrada ótica, com a apple TV através do televisor Highsense como fonte, por onde ouvi a maior parte do streaming. Porquê? Porque foi mais fácil ouvir na altura na configuração instalada, como se pode comprovar na review do streamer Eversolo Master Edition, as diferenças entre a Apple Music e as outras plataformas de streaming, se existem, são marginais.

Sem dúvida, ligando o Macbook Air pela entrada USB, o som foi fantástico. O palco foi impressionantemente amplo – largo, profundo e alto. Mas pegar no portátil e ligá-lo ao amplificador é uma maçada. E é uma maçada puramente por uma questão prática. Normalmente salto o ensaio do computador como fonte, porque acho que o streamer está a atingir o pleno dos utilizadores como fonte digital. Só por fundamentalismo e tamanho de coleção de discos prateados mantenho o leitor de CDs. Como alguns manterão o seu computador como servidor.

O streamer interno do Forté 1 funciona através da app mConnect e aqui jaz a grande responsável pelo único calcanhar de Aquiles deste equipamento, pois a interface do utilizador não é a minha preferida, especialmente porque antes de devolver o Axxess, tive-o cá uns dias com o Eversolo Master Edition e o streamer topo de gama da Denon, com a app HEOS, ambas, em comparação, a anos luz de distância em termos de facilidade de utilização. A mConnect, achei-a pouco responsiva e, na minha opinião, pouco prática. Eu preferi, ò sacrilégio (!), usar Apple Music através da entrada óptica – foi o aspecto prático da coisa (isto antes de chegarem o Eversolo e o Denon).

O que andei a ouvir:

Embora o som da entrada de linha seja excelente, o DAC integrado acrescenta algo mais. A a assinatura sonora, que julgo estar relacionada com a tecnologia de 1 bit tem um timbre mais correto, mais orgânico. Os detalhes são mais refinados, as arestas mais suavizadas – principalmente comparando com o Eversolo. Ainda assim, os instrumentos ganham maior definição no palco sonoro. Estamos a falar de diferenças que, embora sejam perfeitamente audíveis numa audição crítica, não me parece que possam influenciar a escolha numa utilização do dia-a-dia. Aqui entra o gosto e disponibilidade de cada um para audições críticas.

Com auscultadores

Embora tivesse tido a oportunidade de testar uns auscultadores da Raal Requisite em simultâneo (review por aqui em breve), a saída de auscultadores deste integrado é um jack de 6,3mm convencional. E estes incríveis auscultadores foram cedidos para análise apenas com cabo XLR full size. À falta de melhor ficou o teste com os modestos auscultadores dinâmicos Meze 99 Classics disponíveis à altura da review. 

Então o som 

A assinatura sonora da saída de auscultadores segue praticamente as mesmas características do que ouvi com as colunas: Ataque! Controle sobre os baixos. Definição, textura. Brilho. No micro detalhe, o DAC interno perde um pouco para o do Eversolo. Musicalidade? Preferi o interno, ou o do Denon. O Eversolo como fonte oferece maior intensidade e escala. No entanto, o DAC interno provoca menor fadiga auditiva.

Conclusão?

Este amplificador vindo da terra dos Vikings tem uma atitude. Tem a força de um touro, a pujança de um leão, o ataque de uma serpente, e uma escala majestosa, tem palco largo e profundo como nunca tive cá nada que se aproximasse. Mas este Viking foi mandado para as melhores escolas britânicas e, nessa escala em que tudo é grande e magnânimo, dramático, musculado, e rápido no ataque, também é capaz do macro e micro-detalhe. O Timbre, bem o timbre é do mais correto que tive por aqui. O Forté 1 tem a capacidade de interpretar as peças mais delicadas e de nos passar, sempre de forma orgânica a musicalidade que muitos não esperarão de um classe D com uma assinatura sónica aparentemente tão virada para a força e velocidade, mas contrabalançada por um caráter que também sabe ser contido quando assim deve ser. Este Viking conquista e saqueia aldeias inteiras escocesas num piscar de olhos, mas também sabe estar à mesa, distinguindo os talheres de peixe dos de carne.

Specifications:

TECHNOLOGY FEATURES

UMAC™ amplifier technology
To achieve maximum performance and inspired by Aavik’s development approach, the UMAC™ amplifier technology is used in the Axxess Forté series. This technology has been designed to ensure stability, reliability, and precision in the amplifier.

Dedicated audio unit
Axxess Forté features a streamer module inspired by the one used in the Aavik streamers. This module, designed as a dedicated audio unit, contains high quality capacitors and does not use any microcomputers. This makes signal processing extremely powerful and radically reduces unwanted noise.

Headphone amplifier section
Axxess is designed as a non-switching Class A amplifier to provide excellent linearity, high gain, and low signal distortion.

Ansuz Tesla Coils
Active Tesla coils: 36
Active square Tesla coils: 72

Dither circuits: 3

Equipmento presente nesta análise

• Axxess Forté 1 – amplificador integrado com streamer, disponível em Autumn Leaf Audio
• Serblin & Son Frankie EX – amplificador integrado, disponível em Home Audio
• Alacrity Audio Dundee 5 – colunas de chão, disponíveis em Autumn Leaf Audio
• MoFi StudioDeck – Gira-discos, disponível em Ultimate Audio
• MacBook Air 
• Apple TV + Hisense TV
• Eversolo DMP-A6 Master Edition – Streamer, disponível em Esotérico
• Denon DNP-2000 NE – Streamer, disponível em Smartaudio
• cablagem e distribuidor de corrente Ansuz, disponíveis em Autumn Leaf Audio
• Meze 99 Classics – headphones, disponíveis em Ajasom

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