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Primare CD35 Prisma + I25 Prisma

Gentle Giant, conjunto Prisma – Primare CD35 + I25

John Travolta foi, já no final da década de 1970 um dos maiores icons de Hollywood. Carrie, Saturday Night Fever e Grease, por ordem cronológica, foram os seus maiores sucessos dessa altura. Conta Donna Pescow, que contracenou com o ator em Saturday Night Fever, que durante as gravações do seu segundo grande êxito, as fãs rodearam e começaram a balançar a caravana onde ela e Travolta estavam, com intuito de o fazer sair. Foi preciso o apoio dos seguranças para que a situação se acalmasse, tal era o sucesso de que Travolta já granjeava.

Apesar de ser um dos seus melhores desempenhos, em Blow Out (1981), Travolta entra numa espiral descendente durante a década de 1980. Este filme conta a história de um engenheiro de som, que sem querer grava o som de um acidente automóvel, mas analisando sua própria gravação, resolve reconstituir os acontecimentos, e acaba por se envolver numa conspiração.

Primare CD35 Prisma + Primare I25 Prisma

Só o génio e teimosia de Quentin Tarantino, que insistiu em contratá-lo para Pulp Fiction (1994) contra a vontade dos irmãos Weinstein, produtores do filme, reverteu esta situação e o relançou para mais uma data de anos de passadeiras vermelhas e grandes estreias, para aclamação dos fãs e críticos de novo. Travolta demonstrou ter uma segunda vida.

Se já não tens propriamente 20 anos, és do tempo em que Pulp Fiction passou no cinema, e depois da passagem para o novo milénio não te desfizeste da tua coleção de CDs. Se gostas do ritual de colocar a tocar uns discos. Se gostas de escolher o que queres ouvir, e não aprecias especialmente que seja o algoritmo a decidir o que ouves e a “aprender” os teus gostos. Mas apesar de tudo isto, aprecias alguma da superior conveniência do CD em relação ao vinil, então pode interessar-te o que tenho andado a ouvir.

Primare CD35 Prisma

 

O CD está em espiral descendente desde o advento da internet e do ficheiro digital. Primeiro a pirataria, depois o iTunes, e depois o sucesso das plataformas de streaming, praticamente atiraram o CD ao chão. O ressurgimento/moda do vinil, ao conquistar o último reduto, os adeptos dos formatos físicos, parecia ser a estocada final. O ano passado no maior mercado mundial, os Estados Unidos, o vinil finalmente ultrapassou as vendas de CDs (dados RIAA). Os números analisados desta forma parecem de facto prever a morte do CD. Mas uma análise mais atenta mostra que desde a pandemia que as vendas de CDs (só os novos) também tem vindo a crescer, ainda que de forma menos acelerada que o irmão mais velho. Paralelamente, a indústria, sempre atenta, tem vindo a aumentar, embora lentamente, a oferta de modelos de leitores e transportes de CD. Um leitor de CD, com um DAC interno, que inclua capacidade de ler ficheiros da rede, ligada ou wireless, não será “a” solução lógica? Eu acho que sim, e pergunto-me para onde têm estado a olhar tantos fabricantes que ainda não oferecem esta solução.

Primare CD35 Prisma

O Primare CD35 Prisma é o leitor de CDs mais avançado da marca sueca. Mas será que vale a pena investir neste aparelho que promete uma qualidade de som high-end, conectividade sem fios e design elegante? Eu tive a oportunidade de o testar e posso dizer-te que fiquei impressionado com o seu desempenho. Nesta review, vou partilhar contigo as minhas impressões sobre o CD35 Prisma, os seus pontos fortes e fracos, e se é ou não o leitor de cd ideal para ti. Prepara-te para uma viagem sonora que vai fazer-te redescobrir os teus CDs favoritos!

Primare I25 Prisma

A acompanhar o leitor de CD, DAC e Streamer CD35 Prisma da Primare, a Ultimate Audio Elite enviou o amplificador integrado I25 Prisma da mesma marca. Equipado com exatamente o mesmo Streamer do irmão CD35. Caso não te convenças das virtudes dos CD, então o i25 Prisma pode ser tudo o que precisas além de colunas. Já lá vamos. 

Primare I25 Prisma

O amplificador integrado I25 Prisma foi escolhido para apenas ser um partenaire nesta aventura, mas discutiu durante todo o tempo que esteve na minha companhia a primazia da minha atenção. O painel traseiro deste integrado será um dos mais completos que conheço. Além das óbvias entradas para os cabos de coluna, com qualidade percepcionada mais que aparente, temos cinco pares de entradas RCA para fontes analógicas, um par de saídas Pre e outro de linha. Duas antenas para Bluetooth e Wifi, duas entradas RJ45 para quem quiser ligar a rede por Ethernet, USB-A e USB-B, Quatro(!) entradas óticas e duas coaxiais, e uma saída coaxial. RS232 e trigger. Onze(!) entradas para fontes analógicas e digitais, mais entradas de rede e USB. Ninguém se queixe de não ter como ligar seja o que for ao I25 Prisma!

Primare CD35 Prisma + Primare I25 Prisma

O mecanismo da gaveta do CD35 é silencioso e suave como um Rolls Royce elétrico (ou pelo menos como imagino um…), alimentado por uma fonte de energia linear separada para circuitos mecânicos, digitais e analógicos. O conversor pareceu-me tão capaz, que ligar um DAC externo, para mim poderá ser devido a uma de duas razões: já tens um que queres manter, que possivelmente poderá já ter custado mais que o CD35. Ou então já tinhas ideias de comprar um, que muito provavelmente irá custar mais que um CD35, para justificar a sua compra perante o DAC que este leitor oferece. A saída analógica é balanceada (XLR) ou não balanceada (RCA). O módulo de streaming Prisma é compatível com Roon, Spotify Connect, Chromecast, Airplay e streaming via UPnP/DLNA e WiSA. Podes controlar tudo com a app da Primare ou com o controlo remoto, que pouco utilizei. O design do Primare CD35 Prisma é elegante e minimalista, seguindo a filosofia escandinava da marca.

Primare CD35 Prisma + Primare I25 Prisma

O que ouvi ao usar o Primare CD35 Prisma foi uma reprodução fiel e envolvente da música, com graves profundos e controlados (posso repetir controlados?, pois aqui reside, juntamente com a linearidade e compostura, a maior qualidade deste conjunto), dinâmica impressionante, detalhes nítidos e um brilho agradavelmente doce no topo, como uma cereja. 

Primare CD35 Prisma + Primare I25 Prisma

O módulo de streaming oferece um desempenho equivalente ao reprodutor de CD, e digo equivalente e não igual porque naturalmente, tratando-se isto de um teste, fui à procura das diferenças, que se revelaram microscópicas, pelo menos no sistema usado, quanto a mim cingindo-se ao palco sonoro, mais amplo e imersivo quando ouvi Mezzanine (Massive Attack) em CD em relação à experiência em streaming, ficando mais aproximado ao que já ouvi ao vivo. Até melhor. Quando fui ver Massive Attack ao Coliseu na digressão de promoção do mesmo album, a reverberância era tal que a certa altura já só me queria vir embora.

Second Coming (Stone Roses) mostrou a personalidade sónica deste conjunto (Primare). Fez-me bater o pé ao ritmo da música como outros não têm sido capazes, mas em vez da banda demolidora de estúdios, foi como se tivesse a tocar a banda disciplinada e competente de Pet Sounds (Beach Boys). E essa é a principal competência do CD35, é transportar até nós toda a informação contida no disco, não só todos os micro e macro detalhes da música, de forma analítica e transparente, mas também o que possa não estar especificamente nos “zeros” e “uns”, mas no timing, no contexto, nas nuances, ou seja no feeling que os músicos quiseram nos transmitir. A outra diferença entre reprodução de CD e de ficheiros streaming, aqui ligeiramente mais notória, é a forma como os instrumentos me pareceram mais distintos uns dos outros, mesmo nas faixas mais complexas, como por exemplo em música clássica orquestral.

O Primare i25 Prisma incorpora a mesma tecnologia UFPD 2 do irmão mais velho (e mais caro) i35. UFPD 2 significa Ultra Fast Power Device 2, e é uma tecnologia proprietária da Primare que visa combinar as vantagens da classe D (eficiência energética, baixa distorção) com as da classe A/B (linearidade, musicalidade). Imagino que as iniciais de UFPD 2 tenham sido decididas quando o departamento de marketing do fabricante terá ouvido o amplificador pela primeira vez, pois é precisamente a primeira impressão que nos deixa: Ultra fast e Poweeeer! Mas tudo com a habitual discrição nórdica. E 2, porque insistiram em ouvir tudo de novo…

O i25 Prisma disponibiliza 100 watts por canal a 8 ohms ou 200 a 4 ohms. O i25 Prisma possui o mesmo módulo de streaming Prisma do CD35, o que significa que tudo o que eu ouvi em streaming no CD35 se repetiu no I25.

Primare I25 Prisma

O som do i25 Prisma é focado, linear e claro, com contrastes aprimorados entre instrumentos. A apresentação é fácil de ouvir, mas autoritária. Autoritária em modo gentil, que nem King Kong a amparar gentilmente a bela amada na sua poderosa mão. O palco sonoro é amplo e imersivo (mesmo com as Borea 03, que costumam ter alguma dificuldade neste campo). Testei também com as Dynaudio Emit 20, que tocaram baixos com cabedal, que foram lá abaixo (pelo menos perante o que é fisicamente possível para as caixas). Estas colunas tocaram na minha sala com alguma discrição e com baixos por vezes a tender para o flácido com amplificadores que as trataram com demasiada benevolência. Não com o Primare, que as dominou que nem um leão. 

Primare CD35 Prisma + Primare I25 Prisma

Os baixos e o violino de Lisa Batiashvili, em Dance of the Knights, de Prokofiev, foram uma experiência sensorial. O sueco dominou as dinamarquesas, que passaram a tocar baixos “apertados” e texturados, como até aí nunca as tinha ouvido tocar. Curiosamente o caráter “educado” de ambos (Primare e Dynaudio), em conjunto pareceram mais um casal de nórdicos de férias em Ibiza. Pelo menos aos meus ouvidos.

Em resumo, o conjunto Primare CD35 Prisma e Primare i25 Prisma é para mim uma combinação harmoniosa de desempenho de áudio, estilo e conveniência, que me proporcionou experiência musicais de alto nível. 

Primare CD35 Prisma

A quem recomendo o CD35? (e digo-o porque de facto recomendo o CD35). A quem tenha uma coleção de CDs. E´ uma máquina bem construída. Discreta, e no entanto perfeita para exibir o  gadget aos amigos, como se até nem gostasses de te exibir. Com um som linear, transparente, mas ao mesmo tempo emotivo. Sem nenhuma mania que possa dificultar o casamento com qualquer amplificador no mercado. Se os 3500€ que a marca pede por este leitor é muito para a tua carteira ou vontade de gastar, então porque não experimentar o Primare CD15 Prisma?

Primare I25 Prisma

Para todos os outros, considero o Primare I25 Prisma uma proposta mais do que suficiente, mais do que equilibrada, considero uma proposta altamente recomendável. Para quem procura um integrado com a conveniência e facilidade de utilização de um tudo-em-um até 4000€, capaz de alimentar qualquer coluna no mercado. Com a força de um gorila e pulso de viking, mas com delicadeza e finesse de uma bailarina russa. Ah! E também o podes exibir ao amigos. E aos teus ouvidos sempre que queiras.

E o CD, terá direito a um Second Coming como Travolta? A ver vamos. A minha aposta e desejo é que sim, e com equipamentos no mercado como o CD35, está no bom caminho.

Primare CD35 Prisma e Primare I25 Prisma  gentilmente cedidos para teste pela Ultimate Audio Elite

equipamentos presentes neste teste:

    • leitor de CD/ DAC / Streamer => Primare CD35 Prisma

    • Amplificador integrado com DAC / Streamer => Primare I25 Prisma

    • colunas monitoras => Dynaudio Emit 20

    • colunas monitoras => Triangle Borea 03

    • dispositivos de control de ressonância => Ansuz Darkz C2t

    • cabos coluna => Ansuz Speakz X2

    • interconnects => Ansuz Signalz X2

    • Cabos corrente => Ansuz Mainz X2/P2

    • distribuidor de corrente => Ansuz Mainz8 X-TC