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Sessions 15º Aniversário – Parabéns, Ultimate Audio

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Relato de um sábado em que o som se fez celebração.

Ultimate Audio 15º Aniversário

Há quinze dias estive na Ultimate Audio Porto, ali junto a Serralves, onde, com a equipa da casa e a comunidade tripeira que por lá se junta, celebrámos o 7º aniversário da loja.
A data é a mesma, mas agora assinalou-se o 15º aniversário da casa. E desta vez em Lisboa.
Estas Ultimate Sessions reuniram um público vasto e entusiasta, espalhado por quatro salas, cada uma com o seu carácter e o seu “tempero” próprio.

Ultimate Audio Lisboa

Sala Audio Group Denmark

Børresen C3 + Aavik U-288 & P-288

Este sistema já me era familiar: colunas Børresen C3, integrado Aavik U-288 e etapa de potência U-288, ambos com 300W, cabos, corrente e switch Ansuz. Tudo do grupo.
Já o ouvira no Porto nas primeiras Sessions desta temporada. Não me vou alongar, quem quiser conhecer em detalhe, pode espreitar o link aqui.
Ganham vocês a descrição, e ganho eu mais um clique. Grão a grão, enche a galinha o papo.
A batuta passou entre Dionísio Mesquita e Frank Spanner, representante do fabricante dinamarquês.

O que se ouviu:

“Mama This One’s for You” – Chantal Chamberland: pureza sonora e emoção crua, cada nota nascida do coração.
“Invocation (A Prophecy)” – Richard Bona: espiritualidade rítmica e melódica, um feitiço em pulso único.
“Luisa Miller: Oh! fede negar potessi” – Michael Fabiano: o tenor em vendaval; as Børresen transformam Verdi em liturgia.
“The Raiders March” – Danish National Symphony Orchestra: Indiana Jones marchando orgulhoso com a Sinfónica da terra natal deste sistema.
A assinatura sonora manteve-se fiel ao que ouvira no Porto, mas a sala nortenha deixava-o respirar melhor.

Sala Audiovector, Gryphon, X-Act e Marantz

Audiovector R10 + Gryphon Pre & Monos + Marantz SACD 10 + X-act + Audiotricity

As Audiovector R10 estrearam-se sob o comando de Jorge Gaspar e a sua habitual seleção musical eclética.
Ao comando da eletrónica, o Gryphon Commander e monoblocos Antileon EVO, fonte X-Act S1 e DAC interno do Marantz SACD Série 10.
Switch Matrix SS-1, corrente Audiotricity, cablagem Turnbull.
Casamento improvável, mas feliz: Audiovector e Gryphon mostraram uma química poderosa, sobretudo por estarmos numa sala de home cinema, onde as R10 fizeram tremer chão e corpo.

O que se ouviu:

“Dacoit Duel” – A.R. Rahman: tempestade de ritmo e tensão cinematográfica.
Em contraponto “Adío Querida” – Noa, édoçura e melancolia transformadas em beleza pura.
“Wish You Were Here” numa reinvenção de Seguridad Social: o tributo que troca melancolia por energia. Humidade britânica, pelo sol da Flórida.
Sara Bareilles confessa-nos “Goodbye Yellow Brick Road”: uma despedida madura, luminosa e vulnerável. Bom trabalho R10 e Gryphon!
“This Is the Thing (Live)” – Fink: hipnose entre silêncio e introspeção.
“Rosa Enjeitada” – Aldina Duarte & António Zambujo: fado ferido, ternura e desespero contidos.
“Det Tänds Ett Ljus” – Christian Jormin 3: serenidade jazzística na penumbra da sala.
Resultado: detalhe, nuance, músculo e alma.

X-act + Marantz SACD 10

A Sala “Maior”

Avantgarde + Clearaudio + DS Audio + Master Fidelity + Taiko + Orpheus Lab

O grande auditório da Ultimate Lisboa é generoso, acolhendo sistemas de volumetria e escala amplas.
Desta vez recebeu as Avantgarde Trio G3 com Twin Sub — uma avalanche de som, capaz de encher de som até ao último milímetro cúbico da sala.
Comando do sistema a cargo do Orpheus Lab H Two 33BD Opus II, com servidor Taiko Extreme, Master Fidelity Nadac D DAC + C Clock, prato Clearaudio Master Jubilee, célula ótica DS Audio Grand Master + andar de phono a válvulas TB-100 da mesma marca japonesa, cablagem Siltech, Turnbull e Esprit, corrente Isotek.
Transparência, ataque, dinâmica e presença “materializada” dos músicos na sala.
Na manhã, Miguel Carvalho; à tarde, Francisco Monteiro, orgulhosamente, e bem, com pronúncia do Norte.

De manhã, no digital:

“The Swingers Get the Blues, Too” – Duke Ellington: melancolia e sofisticação insinuante.
“Shatranji” – Haz’art Trio: Oriente e Ocidente, jazz e deserto, em diálogo jazzístico.
“When I Fall in Love” – Keith Jarrett: delicadeza líquida e emoção pura.
“Tuxedo Junction” – Kenichi Tsunoda Big Band: pura vibração, energia e precisão em escala total de Big Band americana. Só possível desta forma.

De tarde, a “destrocar bolachas”

“St. James Infirmary” – Louis Armstrong: dor transformada em poesia.
“Voodoo” – Sonny Clark Quartet: caos controlado e tensão rítmica transformado em groove urbano.
“Mediterranean Sundance” – McLaughlin, de Lucía, Di Meola: redemoinho de ritmo e exuberância mediterrânicos.
“Once Upon a Time in the West” – Dire Straits: uma paisagem sonora cinematográfica. Filigrana no dedilhar de Mark Knopfler desliza sobre o deserto.
E o ainda mais cinemático “Alabama Song (Whisky Bar)” – The Doors: as letras de Brecht e a voz de Morrison num cabaré psicadélico, decadente e fascinante.

A Sala “Nova”

Kroma Atelier + Pilium + Hz

Ouvi esta sala pela primeira vez ainda cheirava a verniz fresco. Pareceu-me uma aposta ousada: não pelo espetáculo, mas pela verdade acústica.
O sistema deste sábado: Kroma Atelier Macbeth, integrado Pilium Leonidas + DAC Elektra, HZ Streamer, Matrix SS-1, cablagem Siltech, corrente Isotek.
O Leonidas é um bloco de alumínio que pesa 100 kg e faz lembrar um bloco de mármore grego, estatuário. Aqui emparelhou com colunas de pedra artificial, como veludo azul: força e elegância em harmonia mediterrânica.
Na batuta, Francisco Monteiro (manhã) e Miguel Carvalho (tarde).

Hz Streamer

O que se ouviu:

“Hallelujah I Love Her So” – Harry Belafonte: celebração luminosa.
“Bright Horses” – Nick Cave: perda transformada em beleza.
“Speak Low” na interpretação de Brian Bromberg é um diálogo íntimo entre groove e lirismo.
“Jazz Variants” – O-Zone Percussion Group: virtuosismo rítmico, texturas em movimento.
“Ozone Pt. 2” – Billy Cobham: virtuosismo e energia pura, controlada.
“Adelson e Salvini” a voz de Joyce DiDonato desliza com drama contido, delicadeza e luz.

O Meu Manifesto

A surpresa veio desta sala.
Não por ser “a melhor”, mas pela honestidade do som. Natural, corpóreo, orgânico.
Se pudesse, juntava a escala das Avantgarde e o músculo das Audiovector à verdade das Kroma/Pilium. O conjunto soou-me grande, humano e tangível.
E como em todas as Sessions imaginamos o “e se fosse em minha casa?”, confesso sem hesitar, que este poderia ser o meu sistema.

1 comentário em “Sessions 15º Aniversário – Parabéns, Ultimate Audio”

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