Avançar para o conteúdo
Início » Ultimate Sessions 13º aniversário, número de sorte, para os audiófilos

Ultimate Sessions 13º aniversário, número de sorte, para os audiófilos

O Bigodes acordou às 4h da manhã!

É preciso gostar muito de alta-fidelidade. Acordar bem cedo. Sujeitar-se a três horas e meia à ida, e na mesma medida na volta à Invicta. Aproveitar para adiantar a próxima review na viagem de ida, e na volta, na mesa do café, por baixo dos arcos de Calatrava na Gare do Oriente (esta promete. A não perder).

A Ultimate Audio é responsável por uma Session mensalmente, normalmente no Porto. Desta feita, por ocasião das celebrações do 13º aniversário da casa, esta festa da música ocorreu em Lisboa. Curiosamente o 5º aniversário da filial do Porto é no mesmo dia. Mas não se preocupem audiófilos nortenhos, o Francisco Monteiro irá receber-nos no próximo dia 25, ali ao lado de Serralves, para mais uma Session, com pronúncia do Norte, e celebrar o penta-aniversário da loja do Porto.

Adiante! Vamos ao que nos trouxe aqui, e contar-vos o que vi e ouvi.

Ao evento compareceram um conjunto interessante de pessoas, não só em número, mas também por se tratarem na sua grande maioria de entusiastas, a rodarem pelas três salas, apreciando os três sistemas presentes, e três abordagens da reprodução musical diferentes.

A apresentação em vídeo do sistema composto por colunas em alumínio Stenheim, amplificação Octave e fontes InnuOs e Soulnote:

A filosofia aqui terá sido a reprodução linear da gama de frequências, e com o mínimo de coloração. O que quero dizer com isto foi que ouvi música com ressonância de caixa teoricamente Zero. O que permitiu um nível de pormenor e textura dos graves e médios muito alto. Em When Things Go Wrong de Archie Shepp & Horace Parlan, a correção tímbrica do piano, a textura do sax foram o que mais saltou à vista, ou melhor, aos ouvidos. A escala e a reverberância original da sala onde foi gravada La fille mal gardée, Act I: 16. Simone – 19. Storm and Finale de Orchestra of the Royal Opera House, Covent Garden & John Lanchbery. o “estalar” das cordas da guitarra e o sentimento de perda de Caetano Veloso e Maria Gadú em Trem Das Onze e Sei de um Rio, de Camané. E também a escala e o crescendo sensual do Bolero de Ravel.

Como sei que estão em pulgas, passo diretamente para a estrela da companhia, a sala com as colunas de corneta Avantgarde, alimentadas pelos amplificadores topo de gama Kagura da Kondo Audio Note, aqui apresentados no vídeo por Miguel Carvalho:

As cornetas da Avantgarde têm uma capacidade de encher cada milímetro cúbico da sala onde estiverem implantadas com uma “massa” densa de som, como se as ondas sonoras fossem palpáveis. Exemplo foi a audição de Abangoma de Hugh Masekela. Aqui não foi diferente. Estas cornetas estavam alimentadas pelos monoblocos Kagura da Kondo. O casamento Avantgarde e Kondo é algo que a Ultimate áudio gosta de explorar e que tive a oportunidade de experiênciar aqui e aqui.

Avantgarde Duo GT G3 e Kondo Kagura

O ataque e dinâmica da faixa You and Me de Wynton Marsalis tornou-se por demais evidente, na interpretação da terceira geração das Duo GT da marca alemã. os duplos drivers de graves amplificados por mil Watts também tiveram a sua oportunidade de brilhar em Perfect Darkness de Fink.

Quem me começa a conhecer já vai percebendo que os meus relatos e reviews são criados com o leitor/espetador em vista. Ou seja, tento guardar a minha opinião e gosto pessoal para mim, escrevendo e produzindo tudo o que venho apresentando, tentando sempre calçar as botas de quem possa estar a ler e/ou ver o que vou criando.

Aqui tivemos três sistemas superlativos, cada um da sua forma. Aqui desta vez mandará o meu gosto pessoal, e para finalizar temos o sistema composto por colunas Signature 801 da Bowers & Wilkins e amplificação monoblocos classe A e prévio Gryphon. Esta marca já me tinha impressionado, e já nas Ultimate Sessions Extreme de Fevereiro, no Sheraton no Porto, o meu sistema preferido foi o composto por colunas Kroma e amplificação Gryphon. A apresentação em vídeo do sistema por António Domingos:

Bowers & Wilkins 801 D4 Signature

“Poder, poder, e refinamento” foram as palavras de António Domingos para definir este sistema em duas ou três palavras. Não poderia concordar mais. Graves, graves e mais graves foi o que houve de sobra naquela sala, por vezes com níveis de pressão sonora capazes de furar tímpanos. Tímpanos esses que de nenhuma forma se sentiram agredidos, tal o poder, mas com control e refinamento destes amplificadores sobre as B&W 801 D4 Signature Series.

A Primavera, das Quatro estações de Vivaldi, suou natural, delicada, mas ao mesmo tempo pujante, como que tocada por uma orquestra mais determinada que nunca. Zigeunerweisen, Op. 20 de Erick Friedman, Sir Malcolm Sargent & London Symphony Orchestra: o violino chorou, e poderia ter-me levado às lágrimas, mais uma vez, não pelo nível de pressão sonora com que foi tocada desta sala, mas pela música em si. Os equipamentos como um meio para a música, e não como um fim em si.

13º aniversário da Ultimate áudio, quem ganha é o audiófilo.