Diz a sabedoria popular que dá azar celebrar antes do dia — e por isso, guardo a festa para o momento certo. Mas resistir à curiosidade? Isso já é outra conversa. Perante o anúncio do evento de celebração do 14º aniversário da Ultimate Audio (6º da loja no Porto), a acontecer já este próximo sábado, tive de ligar ao Francisco Monteiro.
Com o sistema já parcialmente montado no passado fim de semana, a tentação foi grande: fui lá espreitar. Ou melhor, ouvir e sentir um pouco do que está para vir. (Porque não uma espreitadela ao relato do evento do ano passado para ajudar a recordar)
Para este ano, o setup promete. O que está previsto:
- As imponentes colunas Zellaton Plural Evo
- Os monoblocos Halcro Eclipse em estreia no Porto
- O pré-amplificador Boulder 1110
- A fonte digital Wadax Studio Player — um componente de peso (32 kg), que integra leitor SACD, streamer e DAC num só chassis
- O giradiscos escultural Torqueo T34, com cartucho ótico DS Audio
- Cablagem Siltech
Com surpresas guardadas para o evento.
A minha visita, no entanto, deixou-me intrigado logo à chegada. Assim que entrei, no meio das colunas em audição, as Kroma Atelier Stella (de que já falei por aqui), o que realmente captou a minha atenção foi o amplificador que as alimentava: uma caixa compacta, de cerca de 30 x 30 x 9 cm, a entregar uns “modestos” 50W. O exterior transmitiu imediatamente uma sensação premium. A Boulder fabrica praticamente tudo o que integra nos seus equipamentos, e isso sente-se na qualidade. E depois, com a música ligada, confirmou-se.
Este pequeno gigante, o 861, foi acompanhado pelo pré da mesma marca, o 1110, e à frente do sistema (ou atrás se preferirem), o Wadax Studio Player: um leitor SACD, streamer e DAC que surpreende pela elegância, com linhas limpas e um design imediatamente reconhecível, mas mais discreto do que a marca espanhola nos vem habituando.
A audição? Por lá passaram faixas que vão desde “Melancolia“, de Reginald Policard, a “Queen Mary“, de Francine Thirteen.
E o que ouvi?
Claridade e resolução de cortar a respiração. Os vocais surgiam em plena harmonia, com uma precisão quase milimétrica no centro do palco.
Musicalidade? Sim, envolvente, com uma abertura que trazia espaço, profundidade e textura em camadas a cada som.
Ataque e velocidade! Transientes e resolução que não deixaram de surpreender sobre a capacidade deste sistema. A dimensão e a potência deste amplificador são inesperadas, e a sonoridade? Nada fria ou clínica. O detalhe está todo lá, mas sem coloração artificial — apenas um som natural, que me envolveu.
E como vim embora?
Voltei para casa com a sensação que a alta-fidelidade ainda tem o poder de nos surpreender e envolver, ensinando-nos sempre algo novo, a cada passo. Mal posso esperar para ver o que este aniversário irá revelar.
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