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O meu filho de seis anos não resiste – basta ouvir música e já está a dançar. E eu? Com o Avid Ingenium, senti o mesmo impulso, apesar de meio século de uso no esqueleto!
Desde o primeiro contacto no showcase da marca em Cascais, percebi que este não é apenas mais um giradiscos. É uma autêntica declaração de intenções da Avid Hifi, combinando engenharia de topo e construção sólida com acessibilidade para os amantes do vinil.
A Filosofia da Avid Hifi

A Avid Hifi desenvolveu primeiro o seu modelo topo de gama, o Acutus, e depois desceu a escada tecnológica, aplicando os conhecimentos adquiridos nos modelos mais acessíveis. Esta filosofia de engenharia garante que, mesmo nas opções mais acessíveis, os utilizadores experimentem a mesma dedicação e qualidade que distingue os produtos mais caros da marca. O Ingenium, situado na base da gama, herda muito dessa experiência, trazendo um desempenho surpreendente para a sua faixa de preço. O resultado? Seguramente um dos melhores giradiscos abaixo dos €2.000.
Como Testei o Avid Ingenium?
Para avaliar o desempenho do Avid Ingenium em diferentes cenários, a Exaudio, novo representante da Avid em Portugal, enviou não só o giradiscos, mas também o amplificador de phono MM e MC Pelar e o prato opcional em alumínio maciço de 5 kg, permitindo testar tanto a configuração de fábrica como com um upgrade relevante.
Como referência, comparei-o com o MoFi StudioDeck, emparelhado com o andar de phono Rothwell Simplex. O teste decorreu na minha sala de audição (25 m², e 2,80 m de pé direito), garantindo um ambiente familiar aos meus ouvidos.

Nas colunas, utilizei três abordagens distintas para captar nuances da performance:
- Revival Atalante 3 (colunas de pé de duas vias), para um som refinado e analítico
- Polk R600 (colunas de chão), para uma apresentação mais ampla e impactante
- Duevel Planets (omnidirecionais), para avaliar a espacialidade e dispersão sonora
Na amplificação, recorri a três configurações:
- Accuphase E-280 (integrado), para uma abordagem a contrabalançar a assinatura sonora do Ingenium
- Conjunto NAD C548 + C298, uma solução proposta por valores que se enquadram aos do Ingenium
- Conjunto TEAC UD-701N + AP-701 – para uma abordagem alinhada com a assinatura sonora do Ingenium
Os cabos garantem um nível de detalhe e transparência adequados:
- Ansuz Speakz X2 para as colunas
- Chord ClearwayX Array RCA para as interligações
Combinando diferentes sistemas, explorei a versatilidade e a musicalidade do Ingenium.
Construção e Design: O Impacto de Cada Detalhe
O Avid Ingenium impressiona desde o primeiro contacto. O chassis em alumínio maciço, o design em “T” e os pés com amortecimento garantem uma base estável e livre de vibrações.
O prato de MDF com revestimento em cortiça já oferece bom desempenho, mas o prato opcional de alumínio maciço com 5 kg eleva tudo a outro nível. O clamp incluído é um detalhe simples mas eficaz, estabilizando os discos e garantindo uma leitura precisa.

O motor desacoplado, alimentado por um cabo simples com interruptor, é uma solução funcional, embora abaixo do padrão de sofisticação do restante conjunto. No entanto, esta escolha terá permitido manter o preço competitivo.
Prós e Contras do Avid Ingenium
- Construção sólida e elegante,
- Experiência tátil superior à média,
- Possibilidade de upgrade do prato para ganhos sonoros substanciais,
- Clamp incluído.
- Cabo de alimentação e interruptor básicos,
- Braço e célula de entrada (baseados em design Rega) oferecem uma performance sólida, mas, para quem procura um nível superior, podem ser substituídos para uma experiência ainda mais refinada.
Como Tocou o Ingenium?

A grande virtude do Avid Ingenium é a sua transparência e honestidade sonora, entregando a música sempre de forma entusiasmante. Sem colorações artificiais, ele reproduz o que está no vinil.
Desde a configuração base com prato de MDF, já impressiona pela clareza e energia. Faixas como Sledgehammer e Big Time de Peter Gabriel em So, ganham um ritmo contagiante, enquanto músicas mais intimistas, como Red Rain e Don’t Give Up, revelam uma profundidade emocional notável.
Ao trocar para o prato de alumínio maciço de 5 kg, o impacto é imediato:

- Graves profundos, controlados
- Melhor correção tímbrica nos médios
- Maior clareza
- Mais intensidade
- Maior separação dos instrumentos
Isto é especialmente evidente em discos mais desafiantes, como The Pros and Cons of Hitch Hiking, onde a dimensão espacial se torna ainda mais marcante, e acabamos transportados pela narrativa de Roger Waters, músicos e atores presentes nesta gravação.
Em Bolero de Ravel (Baltimore Symphony Orchestra, dirigida por Sergiu Comissiona) e em O Fortuna de Carl Orff (New Philharmonia Orchestra, conduzida por Rafael de Burgos), o palco sonoro ganha uma dimensão impressionante. O Ingenium separa os instrumentos sem perder o efeito de conjunto – e eu? Dei por mim a esbracejar, como se fosse o próprio maestro!



Já em Swordfishtrombones, de Tom Waits, o Ingenium evidencia cada textura da sua voz rouca – como um gato a lamber-nos a cara com a sua língua áspera. A apresentação de 16 Shells From a Thirty-Ought-Six é fluida e coesa, tanto quanto o caos organizado de percussões, bateria, guitarra e metais desta música o permite. Com as percussões a aparecerem sem excessos ou descontrolo e transientes com uma imediatez impressionante. Jonhsburg, Illinois mostra a flexibilidade desta máquina, de servir não só entusiasmo, mas também introspeção. In The Neighborhood, mostra a clareza e brilho dos címbalos.
Comparação com o StudioDeck
Enquanto o MoFi StudioDeck, em comparação, e explicado pela célula de nível superior, tem um toque ligeiramente mais refinado e relaxado, convidando a audições mais prolongadas, o Avid Ingenium é mais dinâmico e imediato, despertando o entusiasmo e uma vontade irresistível de explorar mais e mais discos.
Uma Revelação no Segmento
O Avid Ingenium destaca-se como um dos melhores giradiscos abaixo dos €2.000. Com uma base sólida, som envolvente e entusiasmante, e possibilidades de upgrade, este modelo pode evoluir para se tornar um dos melhores da sua faixa – ou até superá-la.

Avid Ingenium


Agora sim, já faço parte da tribo do vinil – e o Avid Ingenium ajudou-me a chegar até aqui.
Mil e oitocentos euros não é pouco dinheiro, é verdade. Mas, se procura um giradiscos com desempenho digno dos melhores, a um preço relativamente acessível, o Avid Ingenium é uma escolha que merece ser considerada. É definitivo – estou convertido!
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