Cambridge Audio Streamer/DAC/prévio Edge NQ e Monoblocos Edge M + streamers MXN10 e AXN10, acompanhados por colunas ProAC K6
Este artigo foi possível graças à gentil colaboração da Imacústica
David Vs Golias, Cambridge Audio MXN10 vs Edge NQ
A série Edge da Cambridge Audio foi lançada como parte das comemorações do 50º aniversário da empresa e recebeu o nome de Gordon Edge, um dos fundadores. É a atual gama “High-end” da marca.
Este fabricante tem sido até agora reconhecido pelos seus produtos de grande equilíbrio entre qualidade e valor pedido.
O integrado e o receiver AXA35 e AXR100 são exemplos, reconhecidos pelo mercado e por vozes importantes para a opinião pública, como Andrew Robinson, e Tarun – A British Audiophile, por dispararem bem acima do valor pedido.
O CXA81, integrado da gama média da marca, tem colecionado prémios das mais variadas revistas da especialidade, que cobrem todas as franjas de mercado, desde a What Hi-Fi (amplificador do ano 2022), até à Stereophile (Recommended Components 2023 Edition, Integrated Amplifiers & Receivers).
Desta feita a CA lançou uma gama um degrau acima daquilo que a tem notabilizado. E conseguiu colocar no mercado produtos com qualidade percecionada muito acima da média, e com valores mesmo assim equilibrados, dentro daquilo que lhe tem sido habitual.
No departamento daquilo que os olhos vêm e as mãos sentem, porque normalmente os olhos vêm e as mãos sentem antes de os ouvidos ouvirem, todos os elementos da gama têm o que é preciso para a carteira aceitar melhor o valor pedido, e impressionar a cara-metade e os amigos com a compra.
Não vai faltar orgulho na propriedade destes equipamentos. A qualidade de construção é impressionante, começando pela experiência de unboxing até à pegada volumétrica.
O peso faz adivinhar que no interior a Cambridge não terá ido em poupanças. As minhas costas que o digam… (aqui a review do Bigodes ao integrado desta gama, o Edge A).
Estes elementos respiram qualidade por todos os poros. No design e qualidade percepcionada, os componentes Edge não ficam a dever nada a outros produtos supostamente mais sofisticados.
Resumindo e concluindo, neste departamento, com construção robusta, estilo e control simples, estes elementos são elegantes e fáceis de operar, enquanto cumprem no que importa, no som.
Instalada a app Streammagic, o que demorou segundos, logo o Edge NQ ficou debaixo do controlo do meu telefone. Não tem Tidal, Qobuz ou Deezer subscritos, que são os serviços de Streaming que se integram na aplicação? Não faz mal, o Edge NQ tem Airplay2 (e Chromecast). E para os interessados, Roon também.
Como tive a oportunidade de os testar sem pré-aviso, foram as primeiras músicas, da primeira lista que me apareceu no iPhone que tocaram, e logo Beth Gibbons (Portishead) começou a cantar “Give me a reason to be a Woman” nas K6. Os monoblocos Edge M da Cambridge têm a autoridade suficiente para as dominar com firmeza, e consumar o casamento de amplificação e colunas.
À cerimónia apareceu também Brittany Howard (Alabama Shakes) com o seu vozeirão “Gimme all you got Baby”. Mas logo os ânimos se acalmaram com Arooj Aftab na voz e Anoushka Shankar na cítara, na faixa “Udhero Na”. E agora? ficamos na expectativa de como terá terminado esta história, pois não sei Hindi.
Consegui despertar a atenção?
Na reprodução destas músicas não faltou paixão. Foi uma experiência fabulosa, ampla e musical. (nestes tempos de rápido consumo, começa-se pela conclusão). Mas não se preocupem que deixei ficar a surpresa para o final! As amigas e amigos leitores terão de ficar até ao fim.
Este sistema conseguiu encher a sala de audição com as nuances e introspeção da voz da cantora paquistanesa, o brilho doce da cítara da filha de Ravi Shankar e o poder e alcance do grave do violino amplificado de Darian Donovan Thomas. Perdoou a gravação, nem sempre dócil, de “Dummy” dos Portishead, sem deixar de me sentir envolvido nas crises existenciais de Gibbons, e de me entusiasmar com o ímpeto de Brittany da banda do Sul da América do Norte.
A expectativa em relação a este sistema era grande, a verdade é que em nada me desiludiu. Cumpriu, e com uma cereja no topo. A expressão disparar acima do valor deve sempre ser aceite com alguma reserva, mas aqui, sem dúvida que a gama Edge tem argumentos para se bater com qualquer sistema do mesmo valor, e arrisco dizer, de alguns com valor superior.
Durante o evento comemorativo dos 37 anos da Imacústica, no mesmo rack onde tocaram os Edge NQ e os monoblocos Edge M, descansavam os novos streamers da Cambridge Audio, AXN10 e MXN10, tabelados a €599 e €499 respetivamente, logo, supostamente descontextualizados em relação ao resto do sistema presente na sala.
Ou não?
Só há uma forma de saber, certo?
Liguei o iPhone por Airplay2 ao pequeno MXN10, o mais barato da dupla, (A diferença entre os dois basicamente é o tamanho, o AXN10 é um elemento com os tradicionais 43cm de largura, que correspondem a dois MXN10). O pequeno e modesto streamer, com funções de streamer e descodificador, ligado ao irmão maior Edge NQ, que passou a funcionar a partir daí apenas como prévio no sistema.
Lhasa de Sela, “Llorando, de cara a la pared, adonde estás? Soñando, sin respirar, te quiero amar”. As K6 choraram o lamento da já falecida Lhasa, vencida aos 37 anos pelo cancro da mama. Demasiado cedo, Lhasa, demasiado cedo.
Mas este era um dia de celebração, por isso voltei às músicas anteriores, Alabama Shakes e Arooj Aftab, e depois também a voz delicada de Adrianne Lenker dos Big Thief. E surpresa! O pequeno componente de meia largura e meio preço, mostrou-se muito capaz e até próximo do que tínhamos ouvido anteriormente, o que me fez verificar no telemóvel, qual seria afinal a fonte daquele som, se o Edge NQ, ou o irmão mais modesto? Confirmado, o pequeno MXN10.
O novo streamer da CA mostrou-se capaz de transportar ao sistema nuances muito próximas do irmão mais velho, a mesma introspeção, praticamente a mesma pujança, um bom kick de baixo e muito bons detalhes, com um palco próximo do que tínhamos ouvido anteriormente. Entregando na mesma os monoblocos Edge M o seu poder, com a mesma delicadeza de antes, e da mesma forma exuberante.
O MXN10 pode ser “alimentado” por conteúdo do Roon, pela aplicação Streammagic da Cambridge, por Airplay2, bluetooth ou Chromecast. Recebe rádio por internet. Podemos ligar a TV, o disco duro ou NAS. Converte zeros e uns em ondas sonoras. Cabe em qualquer lado. E soa muito bem pelo caminho!
Estas duas horas com este sistema ensinaram-me mais uma lição. O preço não “manda” no som.
Não temos o requinte de um flute de champagne com baga de framboesa, como num Edge NQ, mas é uma certeza que vamos muito bem servidos com o MXN10. Que não se acanhou nada a jogar na mesma equipa que os irmãos Galáticos, Ronaldo, Messi e Neymar. Por €500! que mais se poderia pedir?
A marca britânica começa a dar cartas no High-end, mas está com trunfos cada vez mais fortes no campeonato em que sempre jogou para ganhar, nas gamas de entrada na alta-fidelidade. Quem avisa amigo é, por apenas €500, deixou de haver desculpas para não haver bom som lá por casa.
Mini teste executado aquando do 37ºaniversário da Imacústica, num dos seus auditórios do Porto.
Elementos presentes neste teste:
- Streamer/DAC > Cambridge Audio MXN10
- Streamer/DAC/Prévio > Cambridge Audio Edge NQ
- Monoblocos > Cambridge Audio Edge M
- fonte digital > iPhone Xs (App Streammagic/Airplay2)
- colunas de chão > ProAC K6
- cablagem > Transparent Audio