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Uma Viagem de 360º Pelo Som. 2ª Parte — Duevel Bella Luna, A alquimia do som omnidirecional

Uma Viagem de 360º Pelo Som. 2ª Parte — O Som Desaparece, Fica a Música. Duevel Bella Luna: A alquimia do som omnidirecional

Read the 2nd part of this 360 journey through sound in English

Há momentos em que o som deixa de ser ouvido e passa a ser sentido, onde o espaço respira, e a música ganha corpo.
Foi nesse território invisível que encontrei as Bella Luna: a dissolverem a fronteira entre o real e o imaginado.


Esta é a segunda e última parte de Uma Viagem de 360º Pelo Som, onde partilho a experiência de ter testado uma amostra abrangente da gama da Duevel. Se na primeira parte explorei as Planets e as Enterprise, bem como um cheirinho das Sirius, agora chegamos ao modelo na minha opinião mais equilibrado dos que tive oportunidade de conhecer: as Bella Luna. 

Um empréstimo de um amigo permitiu-me viver, durante um mês inteiro, com um sistema que transcende a reprodução e entra no território da experiência.
Não me interpretem mal: adoro o som das minhas colunas, do meu integrado e do meu conversor. Eles continuam a dar-me horas e horas de prazer musical. Mas isto é outra liga.

Bella Luna — O Menu Degustação

Duevel Bella Luna

Quando um amigo decidiu fazer uma reformulação no tratamento acústico da sua sala e me ofereceu a possibilidade de testar o seu sistema (Duevel Bella Luna + Lyric Ti 100 MkII + Denafrips Pontus 15th) na minha sala por uns dias, a minha resposta foi imediata e óbvia: “Sim, claro.”


A diferença foi imediata e palpável. A música ganhou uma densidade líquida e tátil. Mesmo em volumes baixos e em avançadas horas, a magia aconteceu. Imediatamente a seguir, com as Bella Luna no lugar do meu par de referência, a sala transformou-se.

Uma sonoridade da verdade do som. Cada nota não soava apenas: era sentida, materializada. O palco sonoro estendeu-se sem esforço, emergindo de todos os lados.
Esta experiência foi daquelas raras oportunidades em que tudo se alinha. Eu estive, sem qualquer sombra de dúvida, diante de algo especial. Estas colunas oferecem a mistura perfeita entre qualidade sonora e naturalidade, com uma presença de palco impossível de ignorar.
Mesmo sendo um modelo de gama média-alta (€8.900 + transporte e personalização), a facilidade de integração na sala foi absolutamente notável. Não se tratava apenas de ouvir música, mas de viver na música.

O Desaparecimento

Duevel Bella Luna

Muitas vezes tenho ouvido dizer (até da minha própria boca): “estas colunas desapareceram na sala.” Pois aqui finalmente tive essa sensação de uma forma absoluta na minha sala. As Bella Luna desaparecem literalmente.
Elas são o ponto onde estética e engenharia se fundem em alquimia. A dispersão omnidirecional ganha maturidade, coerência e corpo. O palco não se abre: dissolve-se. A imagem não se foca: respira-se.
Aqui, a Duevel atinge a síntese perfeita entre emoção e estrutura. O som é holográfico, mas humano; etéreo, mas ancorado.

A Que Soaram as Bella Luna com o Lyric?

Graves

Descem até onde é preciso, curiosamente não com a mesma autoridade das minhas Atalante 3, mas com o controlo e profundidade que fazem o ar e as entranhas vibrarem com propósito.
A velocidade? Ah, a velocidade… uma das grandes qualidades destas colunas. Graves secos, com impacto de Wrecking Ball. Make Us Stronger de Ghost Rider e Ratchets de Hedegaard, transformaram a minha sala numa pista de dança. Já 24 Hours de Tom Jones revelou o lado introspectivo: a voz cheia, carismática, de montanha.

Médios

As vozes excitam cada átomo da sala. De Camané a Carlos do Carmo, de Melanie de Biasio a Billie Holiday, Tracy Chapman ou Joni Mitchell. Todas emergem com clareza, corpo e naturalidade.
A articulação é exemplar: o roçar da palheta nas cordas, o ataque do piano, os transientes rápidos e precisos. A coerência entre médios e agudos é uma delícia: as vozes não saltam para a frente, convidam-nos para o meio da banda, onde o sweet spot deixa de ser spot e passa a ser whole room, sweet music.

Agudos

Deliciosos! O brilho dos pratos explode em glitter de cores. Extensão, arejamento e detalhe, sem sibilância nem agressividade. O decay é natural, o microdetalhe, sem cheiro a sala de cirurgia.

Espaço e Imagem Sonora

A arquitetura point source faz aqui toda a diferença.
A expansão lateral, a perceção de várias camadas em profundidade, a sensação de tridimensionalidade são simplesmente raras. Podemos estar em qualquer ponto da sala e sentir a coerência espacial intacta.
O sweet spot continua a existir, mas deixa de ser trono: passa a ser um pretexto. Em vez de estarmos na primeira fila, estamos no meio da banda. Nunca é demais repetir.

Dinâmica e Energia

Macrodinâmica
A passagem de pianissimo a fortissimo é arrebatadora. O woofer acompanha com precisão a velocidade das cornetas. A sensibilidade relativamente alta ajuda: impacto e autoridade nas passagens orquestrais, sem esforço nem distorção.

Microdinâmica
As nuances nas vozes, o arco nas cordas, o respirar entre notas, a pele das percussões: tudo vivido em contraste realista, natural.

Velocidade e Ataque

Rapidez sem cortar ressonâncias. A coerência temporal entre drivers é soberba, algo que as irmãs mais modestas nem sonham.

Textura, Matéria e Timbre

A interpretação transmite as texturas esperadas em cada nota, em cada efeito, o grão dos graves e médios, a liquidez da voz de Bethânia, as peles das percussões, o polido dos metais.

A densidade física das notas é também muito interessante, especialmente nos médios e baixos, mas não se preocupem os fãs de Cocteau Twins, ou de Brian Eno. Estas colunas também tocam o etéreo.

O equilíbrio tonal e o realismo tímbrico são notáveis, especialmente nos instrumentos acústicos.

Transparência e Detalhe

Separação exemplar entre instrumentos.
A secção de cordas deixa de ser muralha de som para se tornar um conjunto de intérpretes. A textura das peles, o vibrar das cordas, o sopro das vozes: tudo com pureza e realidade tonal.
Para ouvidos educados por colunas direcionais, poderá parecer que há um véu muito subtil entre nós e a música, é apenas o desmame do “esfreganço” do som na cara, típico das colunas direcionais.

Coerência, Integração e Interação com o Espaço

Transição invisível entre graves, médios e agudos. Coerência temporal absoluta.
Sensibilidade ao posicionamento? Praticamente nula. Basta pousá-las, e deixá-las cantar.

Sinergia e Amplificação

Com 91 dB de sensibilidade, as Bella Luna tocam bem com uma ampla gama de amplificadores.
O Lyric em classe A com válvulas KT170 revelou o seu lado mais orgânico; o Accuphase trouxe precisão e escala.
Um detalhe encantador: mesmo gravações menos conseguidas soam gratificantes. Olá, década de 1980.

Musicalidade e Emoção

Sem dúvida o grande trunfo das Bella Luna: emoção antes da técnica.
A música respira e flui livremente. Dei por mim madrugada dentro, esquecido das horas, apenas a ouvir. As colunas diluíram-se, e o som flutuou, como se o ar tivesse aprendido a cantar.

Construção e Estética

Materiais sólidos, acabamentos discretos e de qualidade, design inconfundível.
Integram-se em qualquer espaço e agradam tanto aos olhos como aos ouvidos. As nossas caras-metades agradecerão.

A Minha Opinião Pessoal, O Manifesto

Das Planets às Bella Luna, o percurso é de coerência crescente: da surpresa lúdica à transcendência acústica.
As Planets apresentaram o conceito; as Enterprise consolidaram-no; as Bella Luna transcenderam-no.
Num tempo em que o áudio de alta fidelidade se tornou uma corrida pela precisão microscópica, a Duevel lembra-nos que a música é respiração, movimento e emoção partilhada.

Só me consigo lembrar de um outro sistema que me tenha conquistado assim, pela forma orgânica e envolvente de me lançar para dentro da música. E também, sem passar os cinco dígitos.

O sistema de que falei neste texto, o último desta sequência de três modelos Duevel, chegou-me pelas mãos de um amigo. Ficou um mês, mas pareceu um instante. Porque tudo o que é bom termina depressa.
Num tempo em que muitos confundem potência com emoção, este sistema lembra-nos que o verdadeiro luxo não é medir, é sentir.

É por isso que continuo a ouvir, testar e escrever: porque perseguir o som perfeito é, na verdade, perseguir-me a mim próprio.

Se perdeu a primeira parte desta aventura, descubra onde tudo começou emUma Viagem de 360º Pelo Som”, com as Duevel Planets e Enterprise.

1 comentário em “Uma Viagem de 360º Pelo Som. 2ª Parte — Duevel Bella Luna, A alquimia do som omnidirecional”

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