O digital evoluiu, o streaming domina, mas há algo na experiência do CD que continua a cativar-me. Assim que a TEAC revelou os novos transporte e leitor de CDs da linha 701, soube que os queria testar. E assim começou esta jornada sonora.
Origem da Oportunidade e Expectativas Elevadas
Surgiu a oportunidade de testar um integrado que teve recentemente adicionado um andar de phono. A proposta era difícil de recusar — não só pela adição do andar de phono, mas também pela marca, que prometia qualidade e, por si só, um pico nas visualizações (algo que, sejamos honestos, nunca faz mal, embora esteja longe de ser a minha prioridade).
Sugeri então o conjunto TEAC UD-701N (DAC/Streamer/Prévio/Headamp) e o AP-701 (Power Amp). Já adivinharam porquê? Inteligente da minha parte? Talvez não.

O representante da marca acolheu a ideia, as máquinas chegaram, e a minha expetativa estava em alta, o que nem sempre concorre a favor. O que podia correr mal? A verdade é que o UD-701N rapidamente se tornou a minha fonte digital preferencial, mesmo em comparação com o leitor de rede residente no meu sistema.
UD-701N – O Coração Digital do Sistema
Começando pela Maior Surpresa: Um Headamp de Referência
A maior surpresa? O UD-701N é um dos melhores amplificadores de auscultadores que já testei. E afirmo isto com total convicção.

Recordo performances marcantes de modelos como:
- Exposure XM HP
- McIntosh MHA200
Estes alimentaram os HEDDphone Two e os Raal Requisite CA-1a. Mesmo assim, o UD-701N, com os meus humildes Meze 99 Classics, revelou detalhes até então escondidos. A sinergia foi impecável — musicalidade e precisão sonora num equilíbrio raro.
Funcionalidades e Versatilidade em Destaque

- Mais do que um excelente Headamp, o UD-701N oferece:
- DAC proprietário (dual delta-sigma desenvolvido in-house pela TEAC)
- Suporte para PCM até 384kHz e DSD
- Streamer integrado com app HR Streamer
- Compatível com Roon, Bluetooth e AirPlay
- Entradas analógicas RCA e XLR
Usei fontes como:
- MoFi StudioDeck (com andar de phono Rothwell Simplex — já que o UD-701N não inclui phono integrado)
- AVID Ingenium (com andar de phono Avid Pellar)
- Accuphase DP-450 (leitor de CDs)
- Volumio Rivo (Streamer/transporte)

Começando pelo lado analógico, o UD-701N a cumprir funções de prévio analógico, é como um árbitro de futebol discreto: deixa o som fluir, sem interferir na assinatura sonora da fonte conectada. Se já tens uma fonte analógica que gostas, este TEAC pode ser o hub perfeito para a integrar no teu setup Hi-Fi.
DAC Integrado
O DAC segue a mesma filosofia de transparência: oferecendo clareza notável e um recorte nítido, tanto usando o transporte digital residente, o Volumio Rivo, como com a app HR Streamer. Ao contrário de outros streamers da moda, como o Eversolo A6 Master Edition, que opta por uma abordagem mais incisiva e com arestas mais aguçadas, o UD-701N privilegia um recorte mais arredondado e envolvente, mas sem perder definição. Desenvolvido in-house, com dois chips delta-sigma, ele suporta tanto PCM quanto DSD e conta com suporte para Bluetooth e AirPlay.
AP-701 – O Casamento Perfeito, ou um Sideshow?

Neste casal, o UD-701N é claramente o “Alfa”. O AP-701 vem reforçar o conjunto, mas sem eclipsar o irmão.
Já mencionei a transparência do UD-701N quando utilizado como pré-amplificador para fontes analógicas. O AP-701 merece destaque pelo seu design dual-mono, que eleva a separação de canais e cria uma sensação de espaço e imersão fenomenal. Ouvir o LP The Pros and Cons of Hitch Hiking foi uma experiência cinematográfica, onde cada nuance da performance de Waters e dos seus companheiros de gravação brilhou e me transportou, criando uma imersão total na narrativa musical.

O DAC interno do UD-701N, aliado ao HR Streamer, entregou graves texturados e profundos em Vamp de Trentemøller e 24 Hours de Tom Jones, utilizando as colunas Revival Atalante 3. Com colunas mais exigentes, como as omnidirecionais Duevel Planets, o AP-701 só começou a brilhar nos baixos e médios a volumes médios-altos. Para referência, a minha sala tem menos de 25 metros quadrados. Quando liguei o conjunto ao integrado de serviço, o E-280, os resultados foram mais satisfatórios neste aspeto, embora a reserva de potência anunciada do Accuphase seja inferior. A diferença de preços poderia explicar parte destas diferenças com o AP-701. No entanto, quando comparado com o Pier Audio MS-84SE, o argumento se desfaz: Embora o integrado a válvulas EL84 perca em definição e largura de palco, compensa com expressividade e impetuosidade nas baixas frequências — uma surpresa inesperada.
Os Irmãos TEAC em Combo, com Roon

O remix Lone Figures de Time de Poppy Ackroyd tem escala e graves com kick físico. O bouquet deixado pela voz de Adriana Varela em Perfume de Bajofondo e Luciano Supervielle exala das colunas omnidirecionais alimentadas pelo AP-701, com ritmo marcado pelo alto volume e pelos graves que abanaram o prédio, e aumentaram o desejo dos meus vizinhos de espetarem facas em bonecos com bigode, em ritual Voodoo. Arooj Aftab continua a perfumar a minha sala com a magia da sua voz e da cítara de Anoushka Shankar, em Udhero Na, oferecendo detalhe, profundidade e musicalidade em equilíbrio, quase perfeito, com as Atalante 3 alimentadas pelo combo japonês e a ajudinha do filtro LAN iPurifier Pro.
O UD-701N entrega uma das minhas pérolas preferidas, Baby and Me de Sara Mitra, na versão 257k comprada no iTunes, sem tentar tapar as fraquezas do ficheiro de baixa resolução, mas sem deixar de me fazer abanar com o ritmo gingão da faixa.
Na ‘Dance of the Knights’, do do bailado Romeu e Julieta, de Prokofiev, por Lisa Batiashvili e a Chamber Orchestra of Europe: o conjunto entrega todas as nuances do solo de Lisa e a orquestra é um conjunto de músicos, não uma parede de som. Mas, como esta é uma faixa que comparo em todos os equipamentos que por cá passam, parece faltar um fio de cabelo da impetuosidade de Batiashvili e do bombo quando usei o AP-701, contra o E-280 em comparação direta.
Since I’ve Been Loving You… Voltamos ao ranger do pedal de Bonham, mais que evidente na entrega deste conjunto. Mas claro, esta música é mais que este pormenor, é um ícone no rock’n’roll. Ao ouvi-la, poucos serão aqueles que resistem a imitar o baterista dos Zeppelin com o próprio pé. Com os TEAC, não foi exceção, e lá estava o pezinho a bater… Detalhe, mas com musicalidade.
Construção e Design – Nipónica Perfeição

- Pés com sistema anti-ressonância
- Interface tátil sólida e intuitiva
- Materiais de alta qualidade
O design exala essência japonesa, com um equilíbrio entre modernidade e tradição que se sente ao toque.
Considerações Finais – Qual é o Veredito?

O cuidado na construção do UD-701N e AP-701 é evidente: o trio de pés com sistema anti-ressonância, a perceção de qualidade geral e o design que exala a essência nipónica – acompanhado de uma interface tátil que inspira confiança – marcam ambas as máquinas.
O UD-701N revelou-se um verdadeiro canivete suíço: DAC, streamer, prévio e amplificador de auscultadores, tudo numa só máquina. Altamente competitivo, não apenas pelas funcionalidades, mas também pela performance sonora. A um preço de €3.000, não me parece um investimento desproporcional, considerando a qualidade e a versatilidade que entrega. Durante o tempo que esteve cá em casa, tornou-se a minha fonte digital preferencial, e não escondo que não foi fácil devolvê-lo no final da análise.
Já o AP-701, com a sua construção robusta e design dual-mono — que contribuem para uma maior separação de canais e imersão — não teve, para mim, o mesmo impacto que o UD-701N. O seu desempenho é muito sólido, mas, pelo preço de €2.700, será melhor comparar com outras opções antes de finalizar a compra.
E Agora?
Se estás a montar um sistema Hi-Fi de topo, o TEAC UD-701N é uma escolha segura, versátil e apaixonante. Quanto ao AP-701, vale comparar com outras opções antes de decidir.
Especificações
TEAC UD-701 e AP-701 usados neste review gentilmente cedidos por Ajasom
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