Revival Audio Atalante 3 review in English
Revival Atalante 3 – Quando a Madeira se Cala, Tudo Se Revela.
Há colunas que querem ser ouvidas. Outras apenas deixam a música acontecer. As Revival Atalante 3 pertencem à segunda categoria. São caixas de madeira, sim, mas não se comportam como tal. Quando tocam, parecem desaparecer, e no espaço que deixam, a música ocupa tudo.
Embora elegantes, não foram pensadas para impressionar num showroom. São feitas para ficar.
E estas já não voltam: ficam comigo!

A Elegância do Essencial

Estas colunas chegaram a minha casa entre o final de novembro e princípio de dezembro do ano passado. Dez meses depois, é finalmente chegado o momento de escrever sobre elas.
A Revival Audio podia ter entrado no mercado com fogo de artifício. Mas escolheu a contenção e sobriedade. As Atalante 3 recusam o excesso. Com construção sólida, e design clássico que não precisa justificar-se. O som? o som fala por tudo o resto.
O público-alvo é claro: quem valoriza a música acima de tudo, sem adições ou colorações. Para qualquer pessoa que ouça música, pela música. Ou para o audiófilo analítico, de luzes baixas e concentração máxima. É uma coluna para quase todos. Mas para todos os que procuram a verdade.
Construção e Design
Colunas de duas vias, em caixa de madeira. O design evoca modelos clássicos, com o detalhe característico da linha Atalante: o “R” da Revival Audio, queimado a laser, a rematar uma fita que circunda a coluna. Pórticos traseiros com opção de afinação através de tampão de esponja. Estética discreta, intemporal. No caso das minhas com acabamento em folha de mogno, mas também disponíveis no mais conhecido acabamento em nogueira.
Funcionalidades / Especificações

- Woofer médios-graves de 7’’ em sanduíche de basaltoTweeter de cúpula macia de 28 mm com câmara anti-ressonâncias e opção de orientação
- Eficiência: 87 dB
- Impedância: 6 Ohms (baixam até 4,4)
- Resposta de frequência: 44 Hz – 22 kHz
- Crossover: 2,8 kHz
- Compatíveis com diferentes tipos de amplificação, sem se mostrarem exigentes.
Usabilidade
Flexíveis no posicionamento: funcionam bem com as tenho, a 110 cm da parede traseira, ou a 50 cm com o uso dos tampões.A dispersão sonora é generosa: mesmo fora do sweet spot, continuam a ser um gozo. (Escrevo estas palavras enquanto as ouço, longe da posição ideal.)

O Som das Atalante 3
Imagem, Foco e Palco Sonoro
A imagem é ampla e tridimensional, surpreendendo pela proximidade com colunas omnidirecionais. Durante este período, passaram pela minha sala três modelos com esta arquitetura da Duevel — Planets, Enterprise e Bella Luna — e, embora as omnidirecionais encham naturalmente de música cada centímetro cúbico da sala, as Atalante ficaram surpreendentemente próximas.
Separação clara entre instrumentos e vozes, ajustável consoante a orientação dos tweeters: mais foco ou mais amplitude, à escolha.

Graves
Extensão até perto dos 40 Hz. Rápidos, texturados, controlados, sem artifícios. Com transparência suficiente para rivalizar com colunas de gamas muito superiores, conforme ouvi em 24 Hours de Tom Jones ou Bass Drops de Nenad Vasilic.
Médios
O timbre é natural e expressivo. Revelam pianos, guitarras e vozes com um realismo por vezes arrepiante, como em Avec le Temps de Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti.

Agudos
Detalhados e doces, nunca fatigantes. Sem sibilância, brilhantes sem ofuscar. Mantêm articulação e compostura em vozes femininas e guitarras distorcidas, como na “Slightly Distorted Guitar” de Tubular Bells. A extensão é superior à média nesta gama de preço.
Neutralidade & Transparência
Resposta linear: revelam as gravações como são. Analíticas, mas nunca estéreis. Convidam a longas e gratificantes sessões de audição, sem fadiga auditiva.
Dinâmica, Escala e Transientes
Saltam do silêncio com energia e velocidade de um furão. Reproduzem Queen Mary de Francine Thirteen com velocidade estonteante. Os transientes de You and Me de Winton Marsalis são decididos, sem medo de confronto com as cornetas das Duevel Bella Luna.
À vontade nos silêncios e nas vozes sussurradas, como as de Maria Bethânia ou do ensemble Sete Lágrimas, mas também capazes de recriar a escala monumental de orquestras sinfónicas, com coros, canhões e sinos incluídos, na abertura de 1812.
Comportamento em Gravações Complexas
Mantêm compostura em passagens densas (ex.: Time de Hans Zimmer, ou novamente, 1812). Convidam a revisitar discos, como fiz com a discografia de Roger Waters dos 1980’s e 90’s, revelando micro-detalhes e nuances antes desconhecidas.
Flexibilidade
Ao longo destes meses, testei as Atalante 3 com várias amplificações: do refinamento do Accuphase E-280 à riqueza dos monoblocos vintage Beard M70 MkII, com doze válvulas de saída EL84 cada um, passando por fontes tão distintas como o Avid Ingenium e o DAC valvulado Fezz Equinox. Sempre reveladoras, ajudaram-me a perceber tanto o caráter do amplificador como da fonte.
Impressão Geral
As Revival Atalante 3 não exageram. As Revival Atalante 3 não tentam impressionar. São honestas e coerentes, com raros pontos fracos. Extremamente versáteis em géneros musicais e equipamentos, oferecem sempre a mesma essência: música pura.
Prós
- Palco sonoro amplo, realista e ajustável
- Graves profundos, texturados e controlados
- Médios naturais e vozes expressivas
- Agudos extensos e refinados, nunca fatigantes
- Grande versatilidade
- Neutralidade e transparência exemplar
Contras
- Não “adoçam” más gravações
- Não são para quem procura “fogo de artifício”
Referência? Sim. E Não Só.
Estas colunas não fazem barulho. Fazem silêncio entre notas musicais. São honestas, o que, no hi-fi, infelizmente nem sempre é vulgar. Não tentam impressionar. Apenas mostram a gravação, como ela é.
Para mim, são uma nova referência. Não como medalha, mas como padrão. Porque a verdadeira qualidade não precisa de apresentações, apenas de tempo. E é esse tempo, passado a ouvi-las, que me fez perceber: não queremos ouvir “melhor” a música. Queremos ouvi-la assim.

O Meu Veredito
As Revival Atalante 3 são uma lição de modéstia: não precisam de artifícios para conquistar. São colunas que desaparecem para que a música se revele. Para mim?, referência clara no segmento, e uma daquelas raras peças que lembram porque nos apaixonámos pela música em primeiro lugar. Este par já não vai a lado nenhum. Este fica comigo!
ESPECIFICAÇÕES
A “orquestra” que acompanhou as Atalante 3
Comparei com estas colunas:
- Triangle Borea 3
- Azoric Audio Corvo
- Duevel Planets
- Duevel Enterprise
- Duevel Bella Luna
Cabos coluna:
Amplificação usada:
Fontes:
- Accuphase DP-450
- Fezz Equinox, by LampizatOr
- Bricasti M3
- Lab12 Reference DAC 1
- Volumio Primo
- NAD C658
- TEAC UD-701N
- Volumio Rivo
- Avid Ingenium, (com células Rega Carbon e Shelter 201) e Avid Pellar
O Sistema de referência MoustachesToys
As colunas Revival Atalante 3 usadas nesta review foram gentilmente cedidas pela Ultimate Audio
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